Um dos truques para manter o bom astral do lugar está na busca por novidades que não deixem as sessões de fisioterapia se tornarem exaustivas, repetitivas e desestimulantes.
Esse é o desafio da fisioterapeuta Patrícia Satrapa, que há 20 anos se dedica a recuperação de pacientes com quadro de lesão cerebral.
“O trabalho da reabilitação neurológica é de um período muito prolongado, de uma recuperação, muitas vezes, lenta demais. Muito tempo fazendo os mesmos exercícios, no mesmo ambiente, acaba por desmotivar o paciente. A gente tem uma preocupação muito grande em motivá-los para que eles continuem fazendo a fisioterapia”, explica.
Novidade veio de casa
Mãe de jovens, foi na própria casa que Patrícia despertou para um aliado importante na recuperação dos pacientes e mudança na rotina das sessões. Ao observar os filhos se divertirem com vídeo game de realidade virtual, percebeu que a brincadeira poderia se transformar em coisa séria.
Não deu outra. Desde o início deste ano, o vídeo game se tornou o xodó do setor, tem acelerado o processo de recuperação dos pacientes e, de forma lúdica, tem tornado as sessões de fisioterapia bem mais interessantes.
Por lá quem dá as cartas no boxe, por exemplo, é o Jaílson de Araújo. Atropelado por uma motocicleta em 2013, ele se diverte ao trocar socos com o oponente no vídeo game. É muito mais do que uma simples brincadeira. “Quando eu cheguei aqui eu não andava e nem sentava. Depois que comecei a fazer fisioterapia, melhorei muito e agora vou sozinho para todos os lugares”
Ele fala também sobre a importância da realidade virtual na sua recuperação. “O vídeo game tem me ajudado a ter equilíbrio, já que trabalha a parte motora. Tem me ajudado bastante”.
Já no boliche, o título de melhor jogador tem dono. Algenir Aguiar, 68 anos, que se recupera de um AVC que sofreu há uma década, volta a ser criança com o controle do vídeo game na mão. “Eu dou umas cacetadas boas, viu?! Isso aqui é muito importante. A gente se torna uma família. Por mim, eu viria para cá todos os dias”, afirma entre sorrisos.
Patrícia Satrapa explica a importância da realidade virtual para os pacientes. “O jogo propicia uma recuperação muito mais ampla, porque associa a parte motora com a concentração, equilíbrio e a amplitude de movimentos”.
A certeza que se tem ao deixar o local é a de que o Setor de Reabilitação Neurológica tem cumprido, seja com a realidade virtual ou com a fisioterapia tradicional, com o seu principal objetivo: devolver a capacidade dos pacientes em sonhar com dias melhores.
“Procuramos devolver o sorriso à essas pessoas. Além de tentar trazer de volta os movimentos, a gente busca aqui trazer de volta a alegria de viver”, diz Patrícia.
Realidade virtual complementa a fisioterapia tradicional oferecida no Setor de Reabilitação Neurológica (Foto: Alexandre Noronha/Secom)
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