Profissionais de saúde precisam atentar às especifidades da população negra

Você sabia que existem doenças que acometem mais pessoas de uma determinada população do que outras? Por exemplo, a incidência de casos de glaucoma é maior na população negra, com risco de desenvolver a doença quatro vezes maior do que outras populações. Esse dado foi apresentado neste ano por um estudo e pode ajudar muitas pessoas no diagnóstico da doença, que muitas vezes não apresenta sintomas.

Esse é apenas um dos exemplos que podem ser citados sobre esse assunto. Mas agora que expliquei isso, vai ficar mais fácil você compreender a importância desta sexta-feira (27) ser Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. A data tenta sensibilizar os profissionais de saúde para as necessidades específicas da população negra, além de trazer reflexões a respeito do racismo institucional e suas consequências à saúde dessas pessoas.

A partir da publicação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), o Ministério da Saúde reconheceu e assumiu a importância de, como instituição democrática voltada a todos os brasileiros, elaborar mecanismos de promoção da saúde integral da população negra e do enfrentamento ao racismo institucional no Sistema Único de Saúde (SUS).

Problemas esses que são cotidianos e incidem negativamente nos indicadores de saúde dessa população – precocidade dos óbitos, altas taxas de mortalidade materna e infantil, maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas e altos índices de violência. Por isso, a necessidade de efetivar ações para garantir o acesso da população negra a ações e serviços de saúde, de forma oportuna e humanizada, contribuindo para a melhoria das condições de saúde desta população.

Políticas de Saúde para a população negra

“Nosso objetivo é fomentar a política de saúde da população negra tanto para gestores estaduais e municipais quanto para profissionais de saúde e sociedade como um todo”, explica o diretor Substituto do Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social (DAGEP/SGEP), Marcus Vinícius Barbosa Peixinho.

Desde fevereiro deste ano, tornou-se obrigatório o preenchimento do quesito raça/cor no sistema de informações do SUS, o que propiciou o início de um mapeamento de doenças genéticas ou hereditárias que são mais comuns na população negra como, por exemplo, a anemia falciforme, diabetes mellitus e a hipertensão arterial. “Com isso fica mais fácil até mesmo elaborar ações mais transversais com as áreas temáticas dentro do Ministério da Saúde, que podem ser replicadas depois em estados e municípios, ajudando mais pessoas de forma específica”, afirma Marcus Barbosa.

Esses trabalhos já estão rendendo ações práticas, sendo que atualmente o Ministério da Saúde está com duas capacitações de profissionais de saúde em andamento. Uma realizada no Rio Grande do Sul, para capacitar a Atenção Básica com base na política de saúde da população negra e doenças prevalentes, e outra estratégia está em realização no estado de Alagoas, para profissionais da Atenção Básica, mas com foco nas comunidades quilombolas.

Além disso, estão sendo realizadas por todo o país oficinas para médicos para trabalhar em cima dessas doenças mais prevalentes na população negra. “Nós tentamos capacitar médicos e profissionais de saúde tendo como base as estratégias em acordo com política de saúde da população negra”, destacou Marcus Barbosa.

Durante todo o dia 27 e manhã do dia 28, o Ministério da Saúde está realizando, em Salvador (BA), a “Oficina Técnica de Médicos e Cirurgiões Dentistas sobre Doenças Prevalentes na População Negra”. O evento é uma alusão a data e, também, um desdobramento da “Oficina Técnica de Médicos sobre Doenças Prevalentes na População Negra”, realizada entre o Ministério da Saúde e o Ministério dos Direitos Humanos nos dias 23 e 24 de agosto de 2017, no Edifício Sede do Ministério da Saúde, Auditório Emílio Ribas, em Brasília (DF).

Curso – “Saúde da População Negra”

Cartilha

O Ministério da Saúde está com a nova edição da publicação ‘Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política do SUS’ – Portaria nº 992 de 13 de maio de 2009 – acrescida do novo Plano Operativo, para o triênio 2017-2019 e da Portaria 344, de 1º de fevereiro de 2017, que dispõe sobre o preenchimento obrigatório do quesito raça/cor nos sistemas de informação de saúde do SUS e demais informações.

Cartilha – Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política do SUS

A data

Em 2006, o dia 27 de outubro foi instituído como o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra por organizações do movimento negro e trabalhadores de saúde. A proposta surgiu para dar força à expansão da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). A data tem o objetivo de reforçar os avanços na área da saúde e da ampliação do debate sobre o impacto do racismo na saúde, além de tentar reduzir as desigualdades raciais. Vale lembrar aqui, que esses problemas interferem diretamente na qualidade de vida de uma parcela da população que corresponde a 54% da sociedade do país – de acordo com dados do IBGE.

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