Interesses subjetivos podem ter influenciado na negociação de Gabigol, explica especialista

De acordo com Marcelo Girade, especialista em Mediação, Negociação e Resolução de Conflitos, o valor financeiro é um fator fundamental, mas, não foi o único a ser considerado

Em janeiro, a negociação de atletas entre os clubes é um dos assuntos mais abordados pelo mundo esportivo e, em alguns casos, essas transações podem se estender e ganhar tons dramáticos. Nesta terça-feira (28), o Flamengo acabou com a ‘novela’ e anunciou em seu twitter a permanência de uma importante peça do elenco para 2020, o atacante Gabriel Barbosa.

Após uma ótima temporada no clube carioca em 2019, “Gabigol” viveu um imbróglio para saber se ficava ou não no time carioca e levantou o questionamento: o que, de fato, influencia na tomada de decisão do atleta em uma negociação do tipo?

O especialista em Mediação, Negociação e Resolução de Conflitos, Marcelo Girade, explica que o valor financeiro é um fator fundamental, mas, não é o único a ser considerado. Além de interesses substantivos, também existem desejos subjetivos na mente do boleiro. ”Se um atleta é solteiro e não possui filhos, por exemplo, há grandes chances de ele aceitar propostas de times de países com uma adaptação mais difícil, como China, Rússia e Arábia Saudita. Já jogadores com esposa e filhos podem acabar optando por cenários menos impactantes, como França, Espanha e Itália”, elucida.

Segundo Girade, mesmo que um determinado jogador tenha a proposta milionária de um clube, pode acabar preferindo outra opção ao considerar os fatores culturais, de adaptação, do momento de sua carreira, entre outros. “O atleta pode considerar também outros valores, esportivos e subjetivos, como: quero jogar neste time? Será um campeonato competitivo? A torcida me receberá bem? Serei feliz neste ambiente? Posso ser um ídolo?”, complementa. No caso de Gabigol, todos estes fatores devem ser considerados para a tomada de decisão.

Carreira internacional e outras variáveis
Mesmo que o Flamengo consiga pagar os valores altos no mercado, apenas isso pode não ser o suficiente para manter os jogadores. “É possível que o atleta entenda que a carreira internacional seja a próxima meta. Por outro lado, ele também pode ter o receio de perder o espaço lá fora já que muitos jogadores famosos no Brasil acabam sendo tratados como ‘apenas mais um’ ao vestir camisas de grande expressão na Europa”, reflete o especialista.

Para competir com assédio do mercado exterior, é necessário se equiparar a ele. “Lá fora você tem os melhores times, melhores campeonatos, estádios lotados, clubes que pagam em dia e são bem estruturados. Isso atrai o atleta. Se o futebol brasileiro seguir esse caminho também pode começar a crescer no mercado. Alguns times já caminham nessa direção”, destaca Marcelo Girade.

Entretanto, o especialista em negociação lembra que a negociação do contrato representa apenas o início do ciclo entre clube e atleta. Se a transação for bem sucedida, como no caso de Gabriel Barbosa, várias outras negociações poderão ser feitas. “O atleta pode se machucar, pode não render o esperado, pode não se adaptar ao time, ter desavenças com o técnico e companheiros. É uma relação duradoura. O atleta, clube e empresário vão estar sempre negociando diferentes fatores ao longo do cumprimento do contrato”, conclui. –

Marcelo Girade

Professor de Resolução de Conflitos, CEO da M9GC e Membro da Comissão Especial de Mediação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o especialista comenta sobre assuntos relativos a negociações, mediações e resoluções de conflitos.

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