Informação & Tecnologia | O Brasil na Economia de Aplicativos

Há quase oito décadas, jovens universitários da Califórnia usaram a garagem de casa para criar osciladores de áudio. Menos de US$ 600 foram investidos em um produto que se transformou num grande negócio de equipamentos mais avançados e originou o império chamado HP. Hoje, a empresa dos inventores Hewllet e Packard fatura mais de US$ 110 bilhões por ano e emprega, aproximadamente, 300 mil de pessoas em todo o mundo.

O incentivo aos pequenos empreendedores detentores de grandes ideias foi potencializado desde então – especialmente após a instituição do Vale do Silício, praticamente, nos jardins da Universidade de Stanford – tornando-se a mais relevante ferramenta de desenvolvimento de novas tecnologias.

Enfim, chegamos à Era dos Mobiles e dos produtos inerentes. A praticidade dos serviços oferecidos online é o novo grande império capaz de sintetizar a relação entre o mercado e o consumidor em aplicativos gratuitos e, ao mesmo tempo, rentáveis – sob diversos pontos de vista.

O valor dessas aplicações foi constatado pelo Progressive Policy Institute (PPI), um instituto americano que acompanha a chamada “App Economy”, ou seja, a Economia de Aplicativos. De acordo com Michael Mandel, estrategista-chefe de Economia do PPI, o Brasil tem se destacado a ponto de tornar-se um potencial líder no setor em poucos anos.

Segundo a pesquisa do PPI, o desenvolvimento de softwares para Mobile gera cerca de 312 mil postos de trabalho no Brasil. Somente no Distrito Federal, são 9 mil pessoas empregadas neste segmento. O informativo do Instituto atribui os bons resultados aos investimentos realizados em projetos de startups no território nacional, que chegam a mais de US$ 1 bilhão ao ano.

Embora os mais conservadores considerem essa evolução dos postos de trabalho no modelo tecnológico prejudicial à geração de empregos, a pesquisa mostra que estamos diante de uma nova revolução da Era Digital. Vê-se que as vagas de trabalho não estão em decréscimo, mas em atualização de formato.

O mesmo ocorreu na Revolução Industrial, quando as máquinas começaram o processo de automação nas empresas, substituindo os humanos. Por outro lado, criou-se uma geração atenta às novas tecnologias e capazes de desenvolver o próprio negócio.

Um estudo divulgado há menos de dois anos pelo Sebrae, aponta que a taxa de empreendedorismo da população brasileira é de 40%. Destes, 70% se tornaram empresários por oportunidade e não motivados pelo desemprego, como ocorria há anos. O dado mostra que não foi a crise econômica o fator preponderante na decisão de empreender. Todavia, esse aumento no interesse pelo mercado privado por ser uma boa solução para a movimentação do comércio.

Nos Estados Unidos, essas novas modalidades de trabalho cresce 30% ao ano. Não seria nada mal se isso acontecesse no Brasil, já que nossa taxa de desemprego ultrapassa 12%.

O economista do PPI, que pela primeira vez veio ao país, afirma que o interesse pelo Brasil nos países desenvolvidos tem crescido. Mandel avalia que os brasileiros podem se tornar referência na América Latina e que o setor tem papel preponderante neste aspecto.

A expectativa é que, em 2017, a TI cresça, aproximadamente, 5% em relação ao ano anterior. Além disso, relatório do Pew Reseach Center aponta que o número de usuários adultos de smartphones quase triplicou entre 2013 e 2015. Cerca de 61% das pessoas com idade entre 18 e 34 possuem um aparelho com acesso a aplicativos.  Neste aspecto, o Brasil é líder na América Latina.

A síntese dessa análise é que o país pode se tornar um importante player no mercado global de aplicativos. Diversos estudos mostram que os brasileiros são os mais participativos, o principal cliente de redes sociais e outros produtos da inovação nos meios de comunicação.

Bastam investimentos certos e a criação de políticas públicas específicas e favoráveis a este nicho para que avancemos (e muito) no ramo. Os Apps são uma porta para o mercado mundial. Trata-se de uma inovação que começou no Vale do Silício em 2007, com a popularização do Iphone, e ganhou o mundo. Não podemos nos dar o luxo de desperdiçar o talento de nossos empreendedores e a atenção que o mundo nos dá neste momento.

A tecnologia é o principal ponto de convergência entre todos os mercados. Vamos usá-la!


Ricardo Caldas é presidente do Sindicato das Indústrias da Informação do Distrito Federal (Sinfor-DF)

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