Hospital público goiano é referência nacional em terapias que aliviam dores

Veralúcia Maria da Silva, de 57 anos, lembra que, em 2002, não conseguia andar quando chegou ao antigo Hospital de Medicina Alternativa, atual Centro de Especialidades em Práticas Integrativas e Complementares (Cremic). O motivo: quatro hérnias de disco. O médico já havia sentenciado que se tratava de caso cirúrgico. “Aí eu fugi e vim pra cá. Já tinham me falado que, em termos de tratamento natural, eu tinha o melhor hospital aqui em Goiânia”, confessa.

Após fazer uma consulta inicial, chamada de anamnese, a funcionária pública iniciou um longo tratamento. “Passei por uma doutora da emergência, ela viu que meu caso era grave. Ei fiquei dois meses praticamente sem andar. Em seis meses (depois do tratamento) eu tinha saído da crise no ciático e já estava voltando a sentir minha perna direita. Eu tinha perdido o movimento dela”, conta.

O “milagre” aconteceu graças às sessões de quiropraxia – tratamento com base na utilização de técnicas manuais para o alinhamento da coluna -, além de acupuntura – ramo da medicina milenar chinesa que introduz agulhas em pontos específicos do corpo – e auriculoterapia – técnica de medicina alternativa realizada por meio do estímulo de vários pontos da orelha.

Os medicamentos tarja preta, que não deram resultado, e a indicação cirúrgica, que trouxe medo, influenciaram na decisão dela de fugir da alopatia e recorrer à medicina alternativa. “Daí eu nunca mais deixei de ser paciente. Qualquer dorzinha eu tô aqui. Recomendo mais do que nunca e sempre por onde eu passo, onde eu ando, esse hospital fica conhecido. Eu vejo alguém com o mesmo problema e conto a minha história”, relata.

Alívio para dores

Marleuza buscou a auriculoterapia para tratar enxaqueca.

Marleuza buscou a auriculoterapia para tratar enxaqueca.

O hospital também foi a resposta para as dores da diarista Luzmarina Lima Pereira, que sofre com doenças musculares e do sistema nervoso: fibromialgia, neuropatia e Lesão por Esforço Repetitivo (LER). As duas últimas ela descobriu por meio de exames no próprio hospital. Somado a tudo isso, o quadro se agravava por conta de complicações posteriores a uma cirurgia na coluna. Ela também se tratou com uma associação de várias técnicas e medicamentos fitoterápicos que são produzidos no laboratório do Cremic.

A instituição tem uma horta, onde é cultivada a maioria das plantas medicinais usadas no serviço. Existe também um galpão para recepção, seleção, beneficiamento e armazenamento das ervas, uma farmácia de manipulação homeopática e outra de manipulação de fitoterápicos (remédios feitos à base de plantas medicinais).

Qualidade de vida

“Eu conheci aqui através de informações populares. Hoje eu posso dizer que estou boa”, diz. No entanto, essas doenças não têm cura. Apesar de se sentir melhor, Luzmarina ainda tem crises. O tratamento é contínuo. O objetivo é aliviar as dores e proporcionar qualidade de vida para os pacientes.  “Aqui o dia que a gente não vem pro tratamento a gente se sente triste. O companheirismo é imenso e os médicos nos tratam muito bem”. diz.

Com crises de enxaqueca, a funcionária pública Marleuza Machado frequenta o Cremic há apenas duas semanas. Neste pouco tempo, já está dormindo melhor e a ansiedade diminuiu graças às sessões de auriculoterapia. Durante o tratamento, sementes de mostarda ou de metal são colocadas na orelha do paciente em pontos precisos que correspondem a diferentes partes do corpo que podem ser estimulados, pressionando-os.

Referência em medicina alternativa

Referência nacional no atendimento relacionado à homeopatia, fitoterapia e acupuntura, o Cremic -unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES) – completou 30 anos no mês de abril. Com o intuito de promover a saúde integral da comunidade goiana, utilizando-se das diversas formas de terapias alternativas, Centro de Referência em Medicina Integrativa e Complementares (Cremic) oferece há três décadas o atendimento aos pacientes que buscam um tratamento por meio de plantas medicinais e outras terapias complementares à medicina convencional.

Diretor administrativo do Cremic, Ailton Bezerra de Oliveira explica que a mudança de nome (antigamente era Hospital de Medicina Alternativa) ocorreu em 2015 para melhor entendimento da população, uma vez que o conceito de hospital remete a plantões e internações. No entanto, na instituição, as atividades são realizadas em ambulatórios e envolvem várias áreas de profissionais de saúde como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, etc.

Apesar de tradicional, a instituição ainda é desconhecida por uma parcela da população goiana. Ailton quer mudar este quadro. O Cremic oferece dezenas de terapias e estima-se que, em média, mais de 3 mil pessoas passem pela unidade por mês, buscando vários tipos de procedimentos, todos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além de ampliar a divulgação do trabalho realizado ali, a descentralização vai acontecer aos poucos.

Atendimento

Entrada do Cremic.

Entrada do Cremic.

Interessados no atendimento precisam, antes, passar por uma unidade de saúde de atenção básica da rede pública municipal (Cais, Ciams ou postos do Programa de Saúde da Família), cujos profissionais farão o encaminhamento para a unidade após a consulta.

Embora a homeopatia vise obter um resultado a longo prazo e a alopatia, um efeito imediato, pode haver uma associação de ambas.”A prática integrativa trabalha com a prevenção de doenças, e as pessoas procuram aqui a qualidade de vida, dormir melhor, ficar longe do estresse e da ansiedade. Com as práticas você tem uma nova vida bem melhor do que a de uma pessoa que optou pela alopatia e está só tomando remédio”, compara.

Descentralização

O diretor adianta que concentra esforços na política de descentralização dessas práticas integrativas para que elas também possam ser realizadas nas unidades de atenção primária e também no interior do estado pelos profissionais de saúde. O assunto será discutido na 5ª Jornada de Saúde, marcada para os dias 26 e 27 de outubro. O Cremic fica na BR-153, nº721, Jardim Santo Antônio, em Goiânia.

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