Hemopa reforça a corrente pela vida no Dia do Doador Voluntário de Sangue

A Secom abraçou a causa da doação de sangue. Durante quatro dias, uma equipe de cinegrafistas, repórteres e produtores promoveu os encontros de dois doadores e dois receptores de sangue e os registrou em vídeos emocionantes. (Foto: Rodolfo Oliveira)

Belém (PA) – Nesta terça-feira, 14, é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue Voluntário. A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) vai homenagear os doadores com apresentações musicais, incluindo a do “Rei do carimbó”, Pinduca, em um dia de festa, na sede do hemocentro, localizada no bairro de Batista Campos.

A Fundação Hemopa também comemora um crescimento significativo no número de pessoas que procuraram o hemocentro na última semana. Houve um clamor popular proporcionado pela queda no estoque de sangue nos últimos meses. Assim, a média diária de doadores no Hemopa passou a ser de 300 pessoas. Nos meses de abril e maio, essa média era de 150 doadores. “Essa média é bastante saudável, vai ajudar na recuperação do nosso estoque. Mas a gente precisa que essas ações aconteçam de maneira continuada, porque todos os dias temos pacientes precisando de sangue. É preciso manter o clamor para que esse estoque não seja reduzido drasticamente novamente”, disse a gerente de captação de doadores, Juciara Farias.

Nos próximos meses, a meta do hemocentro é aumentar em 20% o número de doadores voluntários e também chegar a 60% dos doadores de repetição. Hoje, a média é de 48%.

Responsável pela coordenação da Política Estadual de Sangue do Pará, a Fundação Hemopa abastece mais de 200 hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS), entre eles, grandes emergências, maternidades e Unidades de Terapia Intensiva (UTI´s), o que corresponde a cobertura transfusional de aproximadamente 98%. Só em Belém e na área metropolitana, são 95 hospitais abastecidos.

Em 2015, a hemorrede estadual registrou 126.320 comparecimentos, que corresponderam a 102.163 coletas, resultando em 109.860 unidades de hemocomponentes distribuídos, que ajudaram a salvar aproximadamente 439.440 pacientes no Pará. Atualmente, a população doadora de sangue no Brasil é de 1.9%. Na Região Norte é de 1.5%. No Pará passou de 1.7% para 2.2%, superando a média nacional.

Doação cria laços entre doadores e receptores

Na mobilização estadual em busca de doadores de sangue, depois da drástica queda no estoque, a Secretaria de Comunicação do Estado (Secom) abraçou a causa com sensibilidade. Durante quatro dias, uma equipe de cinegrafistas, repórteres e produtores promoveu os encontros de dois doadores e dois receptores de sangue e os registrou em vídeos emocionantes.

Luana Marinho, 22 anos, tem anemia falciforme desde os quatro anos. Durante 12 anos, recebeu transfusões a cada dois meses. Mas há oito anos, não recebe mais porque tem um tipo de sangue muito raro: o O+ fenotipado. Durante esse tempo sem doações, Luana teve algumas crises, mas conseguiu se recuperar com medicamentos. Mas a universitária do curso de Farmácia teme por uma crise irreversível na qual precise de seu sangue raro para sobreviver. “Durante minha infância e adolescência, perdi muitos amigos, que fiz durante as transfusões no Hemopa, para essa doença. Fico muita angustiada por todo mundo que precisa de sangue e também tenho gratidão por todos aqueles que doaram e me mantiveram aqui, hoje, contando essa história”.

Ovídio Lima, 70 anos, teve uma vida dedicada à doação de sangue. Por mais de 30 anos, ia ao Hemopa a cada dois meses para salvar vidas. A última vez que doou foi em maio e já se lamenta por não poder fazer mais o procedimento. “Por mim, eu doaria sangue até morrer. Só de começar a falar sobre esse assunto, já tenho vontade de chorar, imaginando quantas pessoas deixam de fazer esse ato tão nobre e quantas vidas são perdidas pela falta dele”.

Seu Ovídio talvez tenha sido uma das várias pessoas que doaram sangue para Luana durante os oito anos nos quais ela fez transfusão. Ele assistiu à história da menina e o depoimento de agradecimento feito por ela, em vídeo gravado pela equipe da Secom. As lágrimas já rolavam quando, de surpresa, Luana chegou para abraçá-lo e agradecer pessoalmente. Seu Ovídio mal conseguia falar, vencido pela emoção do momento. “Estou muito emocionado de ver, pessoalmente, uma pessoa a qual eu ajudei com meu sangue. Não tenho nem palavras. A história dessa menina me comoveu muito”, disse o aposentado. Entre um soluço e outro, Luana era só gratidão. “Seu Ovídio teve uma vida inteira de solidariedade e isso é lindo. Estou muito feliz de conhecê-lo e receber pessoalmente seu amor, em forma de abraço”

Como Luana e outras milhares de pessoas que necessitam de transfusão de sangue, Brenda Maciel sempre teve curiosidade de ver o rosto de quem lhe doava sangue. Há sete meses, ela teve que vir de Capanema e deixar seu filho, o pequeno Gabriel, então com três meses de idade. Brenda soube que tem leucemia e foi internada no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo. Durante uma semana, precisou do sangue de pessoas desconhecidas quase que diariamente. “Tinha vontade de conhecer e abraçar essas pessoas. Graças a elas, eu estou aqui, lutando contra essa doença”.

A história e o agradecimento de Brenda também foram gravados em vídeo pela equipe da Secom. Do outro lado da tela do computador, quem assistia era Rodrigo dos Santos, 31 anos. Há oito anos, ele doa sangue com frequência, que só foi interrompida durante um ano, respeitando o intervalo depois de uma tatuagem. “Nunca tive contato com alguém que tenha precisado de sangue, mas sempre tive essa curiosidade. Saber quem eu pude ajudar”.

Rodrigo assistiu ao vídeo já emocionado e no final do depoimento de Brenda, ela também foi dar um abraço no doador. Era mais uma história de solidariedade e afeto ligando doador e receptor de sangue, registrada pela equipe de jornalismo da Secom. E com direito a final feliz. Logo depois do encontro com Rodrigo, Brenda ganhou alta para passar uma semana em Capanema e voltar para os braços do filho Gabriel. Na agenda do celular, leva o número de Rodrigo: seu mais novo amigo, com quem pretende passar a conversar durante suas internações. Porque gratidão e afeto também fazem um bem danado.

Um agradecimento especial aos doadores foi feito pela cantora Fafá de Belém, que estava na capital paraense para realizar um show, e também fez questão de participar da campanha. “Eu estava fora da cidade e quando cheguei a Belém, abri os jornais e vi que o estoque de sangue do Hemopa estava baixo, eu na hora pensei que queria ajudar de alguma forma”, disse.

A assessoria de comunicação da cantora entrou em contato com o secretário de Comunicação, Daniel Nardin, que imediatamente incluiu uma participação da Fafá nos vídeos produzidos pela Secom. Fafá foi pessoalmente e de forma voluntária à sede do Hemopa agradecer aos doadores que estavam lá. O vídeo dela, assim como os outros, serão disponibilizados na Agência Pará e na fanpage do Governo do Estado, no Facebook.

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