Governo da Paraíba realiza o maior dia de campo de algodão agroecológico do Brasil

Mais de 700 pessoas, entre agricultores interessados em plantar algodão, extensionistas, estudantes e autoridades do setor agrícola, participaram nessa quarta-feira (7), em Nazarezinho, no Alto Sertão, de um dia de campo  de manejo de algodão agroecológico, numa promoção do Governo do Estado, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba, integrante da Gestão Unificada (Emepa/Interpa/Emater), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap).

Organizado pela coordenadoria regional da Emater em Sousa, que tem à frente o técnico Francisco de Assis Bernardino, o evento ocorreu em Nazarezinho, no Alto Sertão. O campo onde foram demonstrados os resultados de algodão agroecológico consorciado com gergelim fica numa área de 0.8 hectares, sendo 50% de algodão e 50% de gergelim, com perspectiva de produção de dois mil quilos de algodão em rama. O dia de campo aconteceu em área cultivada sob sistema de irrigação utilizando a variedade BRS 286 desenvolvida pela Embrapa/Algodão.  Nesse sistema, a produtividade foi de quatro toneladas por hectare  de algodão em rama. Em regime de sequeiro poderá chegar a 1.500 quilos por hectare.

Atraídos pela boa perspectiva de lucro que a cultura do algodão agroecológico oferece, os agricultores ouviram atentamente as explicações dos técnicos distribuídos em cinco estações previamente instaladas, desde o preparo do solo à comercialização. Em grandes grupos e debaixo de um sol forte, eles absorveram todas as informações sobre as vantagens de produzir algodão dentro dos princípios da agroecologia, que garante plantas mais resistentes a pragas e doenças, sem poluir o meio ambiente.

As cinco estações – Apresentação e introdução, Sistema de produção, Manejo Agroecológico, Aspectos econômicos e comercialização e Derivados do algodão foram conduzidas pelo diretor técnico da Emater e o coordenador de Operações, Vlaminck Saraiva e Alexandre Alfredo, respectivamente, pelos extensionistas Francisco José, Jacileide Andrade,  Maria de Melo,  Ricardo Pereira, Maisa Gadelha, da Coopnatural e o pesquisador da Embrapa, Dalfran Gonçalves.

Além da viabilidade econômica do algodão agroecológico, os técnicos também demonstraram consórcio com outras culturas convencionais da agricultura familiar, como o gergelim, o feijão o milho, entre outras.

O agricultor Joseilton Cícero de Oliveira, do sítio Massapê, em São Gonçalo, cuja família deixou de plantar algodão desde o aparecimento do bicudo na Paraíba, em 1983, relatou que  “depois de tudo o que vi e vivi nesse dia de campo vou voltar a plantar algodão junto com meus familiares, principalmente agora com a certeza  de obter uma boa produtividade e venda garantida”, disse se referindo à Indústria Têxtil Norfil S/A, empresa compradora de toda a produção do Projeto Algodão Paraíba.

Francisco Braga, de São Gonçalo, que substituiu parte de seu cultivo de coco dizimado pela longa estiagem por algodão agroecológico, disse estar bastante satisfeito com a iniciativa da implantação do Projeto Algodão Paraíba por não gostar de utilizar  produtos químicos que, segundo ele, é o que encarece a cultura. “Esse projeto, além de resgatar a cultura do algodão, oferece muitas vantagens, como a distribuição de sementes de qualidade, mercado garantido e assistência técnica da Emater”, destacou enfatizando que na safra agrícola do ano que vem pretende ampliar a área de 1.5 hectare com algodão agroecológico.

Todos os agricultores familiares presentes no dia de campo, tanto os de Nazarezinho, na região de Sousa, quanto os dos municípios integrantes das regiões administrativas da Emater de Pombal, Cajazeiras, Itaporanga e Catolé do Rocha, ficaram convencidos de que só adotando técnicas ecologicamente corretas de cultivo já asseguradas pela pesquisa agrícola poderão obter resultados ainda mais satisfatórios do conseguido pelo casal agricultor Alcino Alves e Maria Vânia, do imóvel rural onde aconteceu o evento.

Eles, que já produzem dentro dos padrões da agroecologia na propriedade da família, disseram que plantar algodão agroecológico é muito gratificante e “pretendemos ampliar a área cultivada na próxima safra agrícola”. Além de algodão, plantam batata doce, jerimum, feijão, milho, melancia, melão, banana, coco, gergelim, goiaba e tomate. Toda produção é comercializada em feiras livres locais e das cidades vizinhas e ainda fornecem para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que lhes garantem uma renda semestral de R$ 8.500,00.

Prestigiaram o dia de campo o presidente e o diretor administrativo da Gestão Unificada, Nivaldo Magalhães e Jean Queiroga, respectivamente, o deputado estadual Renato Gadelha, os 15 coordenadores das regiões administrativas da Emater no Estado, prefeitos de vários municípios do Alto Sertão, estudantes concluintes do curso de agroecologia do IFPB campos de Sousa, estagiários do curso de Agronomia de Pombal e autoridades do setor agrícola do Estado.

Agricultor retoma plantio de algodão dez anos depois

Depois de 11 anos sem trabalhar com a cultura algodoeira, o agricultor Oscar Ferreira de Andrade, do Sítio São Roque, município de Santa Cruz, próximo a Sousa, retornou a plantar algodão quando tomou conhecimento do Projeto Algodão Paraíba, desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Emater.

O agricultor, de 80 anos, é um exemplo de perseverança quando se trata de cultivar algodão. Essa cultura está entranhada na sua vida, pois desde os 10 anos de idade já acompanhava seu pai Francisco Ferreira de Andrade nos tratos culturais e na colheita do algodão, na mesma propriedade onde reside e onde continua residindo.

Quando tomou conhecimento do Projeto Algodão Paraíba pelos meios de comunicação, procurou o escritório da Emater na cidade. Ficou sabendo que a semente era distribuída, tinha assistência técnica continuada e a garantia da compra de todo o produto, com preço justo. Orientado pelo extensionista Antonio Sarmento Junior, com acompanhamento do coordenador regional Francisco de Assis Bernardino, iniciou o plantio de três hectares em sistema de sequeiro, usando a mão-de-obra familiar. No entanto, com a falta de chuva no período da floração, comprometeu, em parte, a produção.

Ele lembrou que o algodão, em épocas passadas, constituindo-se na principal renda de seu pai. Antes da chegada do bicudo no ano de 1984, fez sua última grande colheita. No ano seguinte reduziu a área plantada, deixando de produzir em sua propriedade em definitivo, essa cultura.

Para ele, plantar algodão é coisa muito boa quando o inverno é regular. “Quando chegava o mês de setembro, começava a venda do algodão colhido, dando renda às famílias agricultoras, sendo considerado o nosso ouro branco”, recordou.

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