Governador Pedro Taques exonera coronéis e cabo da PM envolvidos em escuta ilegais

O governador Pedro Taques tenta provar que não teve participação no ordenamento da ação que espionou mais de 100 pessoas

Mais um capítulo da grampolândia de Mato Grosso

 

Por Renato Borges, especial de Cuiabá

O governador Pedro Taques (PSDB) exonerou o secretário da Casa Militar, coronel PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco, o adjunto, coronel PM Ronelson Jorge Barros e o cabo PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior.

Os três estão presos desde o dia 23 de junho, acusados de participação no esquema de grampos que acontecia no estado. A demissão está no Diário Oficial do Estado que circula nesta quarta-feira (26).

Para o comando da pasta foi efetivado o coronel Wesley de Castro Sodré. O governador havia apenas afastado os suspeitos sem direito a remuneração.

Até o momento ninguém admitiu ser o autor ou mandante das escutas ilegais. O governador Pedro Taques tenta provar que não teve participação no ordenamento da ação que espionou mais de 100 pessoas, entre jornalistas, advogados, uma deputada de oposição, médicos, servidores públicos, empresários, um desembargador do Tribunal de Justiça e até um número de telefone usado pelo Ministério Público de Mato Grosso.

Esses números foram incluídos em uma lista de uma suposta investigação sobre a participação de policiais em tráfico de drogas. O ex-comandante da PM, coronel Zaquel Barbosa, está preso desde o dia 23 de maio. Ele teria dado a ordem para as interceptações clandestinas, operadas pela PM por meio do Núcleo de Inteligência.

O esquema tem também a participação de outro coronel que teria comprado um equipamento no próprio nome ao custo de R$ 24. O aparelho foi entregue no endereço do Comando Geral da PM. Evandro Lesco, foi preso no dia 23 de junho. Nesse mesmo dia foram presos o então secretário adjunto da Casa Militar, Ronelson Barros e o tenente-coronel Januário Batista, do 4º batalhão da PM de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. Os militares também negaram a participação no esquema.

Os militares foram denunciados pelo MP por ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.

 

Entenda

O caso da arapongagem veio à tona através da imprensa local que denunciou o esquema e logo em seguida o programa “Fantástico”, da Rede Globo, noticiou também. Foi revelado que a Polícia Militar de Mato Grosso “grampeou” de maneira ilegal uma lista com mais de 100 pessoas que não eram investigadas por crimes.

A deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes o Muvuca, aparecem na lista.

O promotor Mauro Zaque, que ocupou o cargo de secretário de Estado de Segurança Pública, fez a denúncia no início do ano. Segundo Zaque ele teria recebido uma denúncia anônima, com documentos, que comprovavam pratica ilegal.

Zaque também disse que levou tudo ao conhecimento do governador Pedro Taques, em setembro de 2015.

As escutas eram feitas através de um esquema chamado “barriga de aluguel”, que são quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico a justiça.

Entre os grampeados também estão o desembargador aposentado José Ferreira Leite, os médicos Sérgio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Hélio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.

Pedro Taques sempre negou a sua participação no esquema, alegando que nunca pediu para grampear ilegalmente ninguém, disse também que representará Zaque na justiça.

 

 

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