Goiás na vanguarda do País ao incentivar novos talentos com orquestras e coros juvenis pelo interior

Governo de Goiás começa a implantar um projeto ousado e de vanguarda. Criar uma rede de orquestras e coros juvenis em dez cidades do interior para abrir as portas da música clássica a todas as camadas sociais, dar oportunidade de formação a novos jovens por meio de experiência orquestral para que possam ingressar no mercado de trabalho, descobrir talentos e, acima de tudo, promover a cidadania. A filosofia do projeto é promover o resgate social pela música. A rede vai ficar sob a coordenação do Itego em Artes Basileu França, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento, e as orquestras vão funcionar nos moldes da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG).

No projeto, o governo investiu cerca de R$ 2 milhões e 100 mil para a aquisição de mil instrumentos musicais que vão contemplar 1.500 jovens de 8 a 18 anos de 10 municípios goianos. Oito cidades já estão definidas para receber o projeto: Alto Paraíso, Anápolis, Aparecida de Goiânia (que também vai contar com um projeto de dança), Catalão, Itumbiara, Palmeiras de Goiás, Trindade e Valparaíso e duas em fase de seleção. Até abril, todos os equipamentos devem ser entregues para, em meados de maio, o projeto começar a funcionar.

Foram adquiridas dez baterias, 230 flautas, 200 violões, dez claves, 40 contrabaixos acústicos, 200 violinos, 80 violas, 60 violoncelos, dez acordeons, dez tubas, 20 trompas, 30 trombones, 40 trompetes e outros equipamentos.

O projeto será executado em parceria com as prefeituras. O governo estadual vai oferecer os equipamentos e instrumentos necessários e cerca de 150 profissionais, sendo 12 professores e três profissionais para apoio, por cidade. As prefeituras se encarregarão do espaço físico e da logística.

eliseu ferreira 2

Maestro Eliseu Ferreira vai coordenar a rede

Passando a batuta

Para coordenar a implantação das novas orquestras, o então regente titular da OSJG, o maestro Eliseu Ferreira , que também é diretor-geral do Itego em Artes Basileu França, passa a batuta da orquestra para o maestro Eliel Ferreira, que assume também a Diretoria Artística.

A história da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás muitas vezes se mistura com a do maestro Eliseu, que esteve à frente do grupo desde a sua criação pelo governador Marconi Perillo, em 2002, há 15 anos. Nesse tempo, as atividades da orquestra foram desenvolvidas regularmente, em uma trajetória ascendente de crescimento artístico e institucional. Hoje, totalmente consolidada, a Orquestra já tem tradição em apresentações internacionais. Já realizou concertos na Alemanha, Espanha, Venezuela e no ano passado, na China.

Nova missão: estruturar a rede
Eliseu Ferreira conta que já fez diversas visitas às cidades contempladas pelo programa. “Queremos instalar nossas orquestras em locais onde a vulnerabilidade social seja maior, locais menos assistidos, mais carentes, para atender a filosofia do projeto. As aulas orquestrais exigem concentração, disciplina, dedicação e, ao cumprir esses elementos, o projeto acaba investindo em cidadania. Se os jovens vão ou não seguir a carreira não sabemos, mas estaremos formando cidadãos, estaremos tirando esses jovens da ociosidade e ensinando arte. Estamos fazendo esse trabalho junto com as prefeituras”, comenta.

Ele explica que, sempre que a orquestra viaja para apresentações no interior, é observada a necessidade e a falta de iniciativa e investimentos dos governos municipais neste segmento e a demanda é grande. “Temos muitos alunos vindos do interior para ingressar na orquestra. Então, queremos atender a esta demanda”.

O maestro aposta que o projeto será apenas um embrião. Depois, outras linguagens da arte poderão se expandir para compor o projeto; a dança, o teatro, o circo, as artes visuais. A música é apenas uma das formações entre as várias modalidades oferecidas pelo Itego, que vem consolidando suas ações pedagógicas com seu núcleo de arte e inclusão, iniciação artística, artes visuais, circo, dança, música, teatro, além do curso de habilitação profissional técnica de nível médio voltado para a cidadania e condizente com as demandas sociais e do mercado de trabalho.

O maestro já tem planos para o fim deste ano. Ele quer promover, talvez em novembro ou dezembro, um grande encontro das orquestras da rede em Goiânia.

Investimentos em cultura

O projeto da Rede é inédito no Centro-Oeste. No Brasil, na forma de rede em que foi criado pelo governo, instalando os dez polos de uma só vez, também o coloca como projeto inédito. Eliseu Ferreira diz que a criação da rede foi uma ideia do governador Marconi Perillo, o gestor estadual que mais investiu em cultura e que esse diferencial vai colocá-lo na história, opina o maestro.

Oferecer oportunidades

“Vale a pena investir na cultura erudita. Investir nas crianças mais simples. Elas precisam de oportunidades. Talentos, elas têm. Tenho muito orgulho de ter estimulado essas orquestras, ter criado a Orquestra Jovem, a Orquestra Filarmônica, de ver essas crianças, jovens, apresentando músicas eruditas aqui em Goiás, no Brasil e no mundo”, comentou o governador Marconi Perillo, em alusão às turnês pela Europa da OSJG.

Marconi disse se sentir muito gratificado por ter criado também estruturas importantes que dão sustentação ao desenvolvimento cultural e artístico de Goiás, citando a Lei Goyazes, o Fundo Estadual de Cultura e a Bolsa Orquestra, esta última que dá sustentação à Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás.  O governador Marconi Perillo falou da importância da Orquestra Jovem para o contexto cultural do Estado, destacando o trabalho de formação artística e o reconhecimento que o grupo tem alcançado.

Colhendo frutos

Natanael Ferreira quando ganhou o prêmio máximo do Festival de Inverno de Campos do Jordão-SP, em 2013

Natanael Ferreira quando ganhou o prêmio máximo do Festival de Inverno de Campos do Jordão-SP, em 2013

Com muito orgulho, o maestro Eliseu Ferreira cita alguns músicos que passaram pela Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás e que seguiram suas carreiras em outras instituições. Natanael Ferreira,  viola, vive em Genebra, Suíça, onde se apresenta como solista e integrante do grupo de música de câmara Aurora. Recentemente esteve em turnê com o grupo em países europeus e América do Sul (Brasil e Argentina). O jovem Thierry de Lucas Neves, concertino da Filarmônica de Goiás que vai estudar na Juilliard School, de Nova Iorque; Moisés Ferreira, violoncelo, está na Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo como primeiro cello assistente e Érico Marques, que saiu de Goiás, passou pela academia da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e está hoje na Sinfônica de Goiânia como primeiro oboé. Muitos dos integrantes da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás poderão se tornar professores na rede, acredita o maestro.

maestro eliel ferreira

Maestro Eliel Ferreira é o novo regente titular da Sinfônica Jovem

Eliel Ferreira, o atual maestro titular da Sinfônica Jovem de Goiás, comenta sobre as audições feitas todo início de ano para a seleção de alunos que vão compor a Orquestra e que serão beneficiados pelo programa Bolsa Orquestra. Segundo ele, as audições têm sido um sucesso e “a cada ano temos visto a melhora dos alunos.”

“Este ano a procura foi maior que do ano passado e isso nos deixa muito felizes, porque percebemos que o trabalho está dando certo. Alguns músicos saíram, mas foram para orquestras profissionais e isso são frutos que a gente colhe porque uma orquestra jovem, uma banda sinfônica jovem, um coro jovem não é um fim é apenas o meio, e temos certeza que estamos cumprindo o papel de dar uma base, uma estrutura para o aluno iniciante ingressar no mercado de trabalho”, destaca o maestro.

Eliel anuncia que a Temporada Oficial da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás 2017 será aberta no dia 10 de março, no Teatro Basileu França, sob sua regência e com o solista Bruno Sousa (trompete). No repertório, Casamento de Trolls na Montanha ( E. Grieg); Concerto para trompete (J. Haydn); Sinfonia nº 31 ‘Paris’  (W. A. Mozart) e Suíte ‘Pássaro de Fogo’ 1919 (I. Stravinsky). Ingressos a preço único promocional, R$ 5.

A Orquestra Sinfônica Jovem tem executado diversos espetáculos de ópera e balé anualmente, tais como: Quebra-Nozes, Giselle, La Bayadère, Carmina Burana, Carmen e Don Quixote. A Sinfônica já realizou espetáculos em importantes salas de espetáculos do Brasil, como o Teatro Levino de Alcântara em Brasília (DF), o Teatro Coliseu em Santos (SP), o Auditório Cláudio Santoro em Campos do Jordão (SP) e o Teatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). Em seus espetáculos, a orquestra tem se associado a artistas de renome nacional e internacional, como os maestros Emílio de César e Mark Cedel, a pianista Lucia Barrenechea e os violinistas Luciano Pontes, Ivan Quintana e Martin Tuksa. Sua programação de concertos é variada e inclui estreias regulares de novas composições, algumas delas dedicadas à própria orquestra.

Outro projeto que o Governo de Goiás apoia é o Sinfonia do Amanhã, financiado pela Enel Brasil, em Cachoeira Dourada. O Projeto é gerido pela Associação dos Amigos da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Cem crianças e jovens de até 18 anos têm aulas de violino, viola clássica, violoncelo, contrabaixo, violão, flauta-doce, coral e instrumentos de metal. Alguns desses alunos já se profissionalizaram e ingressaram na Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Os alunos do Sinfonia do Amanhã já realizaram apresentações em importantes espaços, incluindo uma apresentação internacional, em Roma, para executivos da Enel. Outras apresentações marcantes foram no Teatro Municipal de Itumbiara-GO; Teatro Basileu França, em Goiânia; Teatro Popular, em Niterói; e Palácio de Cristal, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. O Sinfonia do Amanhã ganhou o prêmio Aberje Regional 2014 (Associação Brasileira de Comunicação Empresaria), na categoria Comunicação de Programas, Projetos e Ações Culturais.

Apesar de toda a crise que se vive no Brasil, o Governo de Goiás não deixou de investir na área da cultura utilizando os instrumentos criados para o fomento às artes e as parcerias com a iniciativa privada. Ao lançar o programa Bolsa Orquestra, em 2005, o governador Marconi Perillo criou uma importante estrutura de fomento à cultura que dá sustentação à Orquestra Sinfônica Jovem. São 100 bolsas, no valor mensal de R$ 800, que ajudam na aquisição e manutenção dos instrumentos e na alimentação e transporte das crianças e jovens.

O maestro Eliseu Ferreira destaca a importância da bolsa. Segundo ele, grande parte dos músicos da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás são de baixa renda. “É um programa social e cultural em que fomentamos a formação de novos talentos”, comenta. De acordo com o maestro, apesar de ser um programa de cunho social, o ingresso na Orquestra é por mérito artístico.

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