Educação inclusiva: rede estadual sai na frente com suporte para alunos especiais

A rede estadual de ensino atende atualmente cerca de 17 mil alunos portadores de algum tipo de deficiência ou com necessidades especiais como dificuldade de aprendizagem ou altas habilidades, os considerados superdotados. De acordo com a gerente de Ensino Especial da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer (Seduce), Lorena Resende Carvalho, até o ano de 1999 essas crianças e adolescentes não eram assistidos ou eram matriculados em unidades específicas para eles, ficando isolados dos demais.

“Todas as pessoas, independentemente se têm ou não qualquer tipo de deficiência, têm direito a escola regular, ao currículo convencional. Essas pessoas não são inferiores. Têm um jeito diferente de aprender e a escola tem que adequar seus espaços, recursos humanos e materiais para atender essa demanda”, afirma.

Segundo ela, o Estado de Goiás se antecipou à Política Nacional de Educação Especial na perspectiva de inclusão, estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC) em 2004. “A partir daí (1999), começou o encaminhamento deles – crianças e adolescentes com deficiência – para escolas comuns, entendendo que, apesar do limite, eles têm capacidade de aprendizado”, afirma. Lorena garante que, surgindo a demanda, a escola precisa abrir a vaga para matrícula.

São alunos com deficiência física, visual, auditiva e intelectual – autismo, Síndrome de Down, entre outros -além de altas habilidades e dificuldades de aprendizagem, a exemplo da dislexia e do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

A Seduce conta com uma rede de cerca de 3,5 mil profissionais especializados dedicados a dar o suporte necessário nas escolas para o acompanhamento pedagógico dessas crianças e adolescentes. Segundo Lorena, são professores de apoio, professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) – que realizam atendimento individualizado dos estudantes no período do contraturno, intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) – que ‘traduzem’ o conteúdo para os alunos surdos, além do apoio administrativo de higienização. Esses são cuidadores, que ficam responsáveis a auxiliar os alunos com deficiência física na hora de ir ao banheiro e de se alimentar, por exemplo.

Também compõem essa mesma rede equipes multiprofissionais formadas por psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais. Eles entram em cena para ajudar com problemas de memória, linguagem e de capacidade cognitiva. As equipes são volantes e percorrem as escolas para conseguir atender as necessidades.

“O nosso maior desafio é formar, de maneira continuada, os professores regentes”, diz. Eles são os que fazem o planejamento das aulas e conteúdo e, por isso, sempre precisam estar em contato com essa rede especializada para compreender as limitações físicas dos alunos, cuja individualidade deve ser levada em conta. É preciso fazer algumas adaptações, sendo a flexibilização do currículo a principal delas, uma vez que o aluno na condição especial tem seu ritmo diferenciado e particular de aprendizado.

Reforma e adequações físicas

Cerca de 400 escolas estaduais foram atendidas com repasse de recursos do MEC, por meio do Programa Escola Acessível para ganhar condições de acessibilidade. De acordo com Lorena, cada unidade é beneficiada com uma verba que varia de R$ 9 a R$ 12 mil destinado para reformas e aquisição de material de construção. Entre as adequações físicas estão a construção de rampas e escadas, ampliação de portas e banheiros para garantir acesso de cadeirantes, piso tátil para deficientes visuais, entre outros.

“Ainda precisamos crescer muito em termos de formação, mas já demos muitos passos. Nosso objetivo é que eles tenham acesso, participem, aprendam e se desenvolvam. Nesses desafios nós aprendemos muito também. Isso implica uma mudança de concepção, de paradigma. Uma escola inclusiva é mais humana, sensível, mais ética”, pondera.

Projeto Hoje

Por meio do Projeto Hoje, a Seduce oferece atendimento educacional especializado a crianças, jovens e adultos em situação de internação, em albergues, em reabilitação, com assistência médica diária ou periódica, possibilitando que iniciem ou deem continuidade aos estudos. Raiane Peixoto da Silva, de 17 anos, não consegue ir à escola. Em função de uma escoliose, ela precisou passar por uma cirurgia há mais de dois anos para colocar 32 pinos na coluna. No começo, a adolescente tentou frequentar as aulas, mas sentia muitas dores nas pernas e na coluna.

Ela não aguenta ficar muito tempo em pé nem sentada. A mãe, então, achou melhor solicitar na escola a visita domiciliar de uma professora. Só depois de três anos a demanda foi atendida e hoje Raiane está cursando o 9º ano do ensino fundamental. A professora vai até a casa da menina uma vez por semana e leciona todas as disciplinas. “Nós conseguimos a professora no começo deste ano. Está sendo uma maravilha. Ela está ajudando muito. Se não fosse assim, ela poderia perder o conteúdo”, diz. O sonho dela é ser designer.

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