“No início da sessão, o presidente pediu a palavra, informou que havia a previsão desse julgamento, que as partes estavam presentes mas que, em decorrência de memoriais que apresentaram ao relator, havia o pedido de retirada de pauta para reanálise de autos”, disse Mauricio Vasques, advogado do fotógrafo.
O caso ocorreu no dia 13 de junho de 2013, enquanto Sérgio cobria manifestação contra o aumento da tarifa no transporte público em São Paulo. Por conta do episódio, o fotógrafo acionou a Justiça para requerer que o governo de São Paulo fosse responsabilizado pelo ocorrido e pagasse uma indenização no valor de R$1,2 milhão referentes a danos morais, estético e material, além de uma pensão mensal de R$ 2,3 mil. O pedido foi rejeitado em primeira instância.
Após ser informado sobre o adiamento, amigos do fotógrafo e representantes de movimentos sociais e sindicais fizeram um pequeno e rápido ato na frente da sede do Tribunal de Justiça, no centro da capital paulista. Eles se posicionaram na escadaria do tribunal, segurando cartazes em que diziam “Sérgio Silva não é culpado”, uma resposta ao juiz Olavo Zampol Júnior que, no dia 10 de agosto, culpou o próprio fotógrafo pelo ferimento e julgou improcedente o pedido de indenização, alegando que ele estava conscientemente localizado entre a polícia e os manifestantes.
“No caso, ao se colocar entre a polícia e os manifestantes, permanecendo em linha de tiro para fotografar, colocou-se em situação de risco assumindo, com isso, as possíveis consequências do que pudesse acontecer”, disse o juiz em sua sentença.
Silva levou hoje ao tribunal um abaixo-assinado com mais de 72 mil assinaturas coletadas pedindo a reversão da sentença de primeira instância. “Pelo fato da polícia ter atirado não só em mim, mas em mais de 100 pessoas que ficaram feridas naquela noite, como a jornalista da [jornal] Folha de S.Paulo que também levou um tiro de bala de borracha no olho, a sociedade se sentiu violentada de alguma maneira. Não é a toa que tem mais de 72 mil pessoas pedindo a reversão desse processo. Isso não é só por mim, mas pelo direito das pessoas se manifestarem e pelo direito de um jornalista poder trabalhar”, falou o fotógrafo, em entrevista hoje à Agência Brasil. “Espero que este seja um caso que seja analisado pelo viés da Justiça, não pelo viés político, como foi na primeira instância”, acrescentou.
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