Mais autonomia e respeito para as mulheres

| Janine Brito - foto Ed Bittencourt |

Por Janine Brito

O ano de 2020 mal começou e os casos de feminicídios em Brasília já superaram o ano anterior em igual período. No mês de janeiro, por exemplo, foram quatro em apenas quinze dias. O cenário em todo o Brasil não é diferente. O país é o quinto no mundo com maior número desse tipo de crime. Nós, mulheres, não temos mais paz, pois a preocupação é constante. Precisamos reagir e nos unir em prol da vida.

Podemos apontar alguns caminhos para ajudar a mudar o destino das mulheres e por que não de todos, afinal parafraseando a filósofa americana Angela Davis, quando uma mulher se movimenta, toda a estrutura se movimenta com ela.

Um desses caminhos é o de dar oportunidade para as mulheres se capacitarem e se tornarem economicamente independentes para poderem cuidar de si e de seus filhos. Segundo pesquisa de 2017, da Data Senado, 32% das mulheres vítimas de violência deixam de denunciar seus agressores ou não saem de casa, justamente porque não têm condições financeiras para isso. É um ciclo que precisa ser rompido.

No país, há iniciativas que confirmam que a autonomia e o empreendedorismo empoderam e podem salvar vidas. Desde 2017, por exemplo, o Sebrae e o Ministério Público de São Paulo firmaram parceria e vêm realizando cursos, distribuindo cartilhas entre outras atividades, todas gratuitas, para as mulheres em situação de vulnerabilidade.

O projeto deu tão certo que, em 2019, foi criado o “Programa Mil Mulheres”, que está capacitando mais de mil mulheres, tornando-as protagonistas das próprias vidas. Aqui, na capital do país, também existe a Rede Sou + Mulher, que é uma articulação entre organizações públicas e privadas voltada para a promoção da autonomia das mulheres.

No mundo todo, o empreendedorismo feminino tem crescido a passos largos. Estudos mostram que algumas de nossas características favorecem o sucesso na empreitada, como a intuição, determinação e o investimento em capacitação. Segundo dados do Sebrae, são as mulheres quem mais procuram informações sobre negócio. Nós queremos fazer e fazer bem-feito. Estamos mudando o cenário empresarial do país e do mundo.

Além disso, o trabalho nos conecta a outras mulheres, momento oportuno para grandes trocas de saberes. Juntas, podemos identificar nossas habilidades, talentos e nos empoderarmos para alcançar nossos objetivos de independência
e realização.

Nós somos criativas e gestoras por natureza, cuidamos de nossas casas, organizamos as rotinas da família e somos cada vez mais fortes e capazes de empreender, seja com pequenos negócios de porta em porta ou gerenciando grandes empresas. O que precisamos é de mais oportunidades e respeito.

Se você quer empreender, seja qual for a sua motivação, saiba que não está sozinha. Procure grupos, empresas e até mesmo órgãos, como o Sebrae da sua cidade, e vá à luta. O futuro é feminino.

*Empresária, autora dos livros “Empreendedoras de Alta Performance” e “Mulheres antes e depois do 50″ e integrante do grupo do setor produtivo do DF “Empresários em Ação”

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