Presidente da Câmara enfrenta pressão da opinião pública pela votação do PL da Anistia, que gera desgaste político e pode impactar pretensões ao governo da Paraíba

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), publicou em suas redes sociais um vídeo em que é chamado de “governador” por apoiadores durante evento em Itaporanga. A menção reforça especulações sobre sua possível candidatura ao governo do estado em 2026, mas o debate em torno do Projeto de Lei (PL) da Anistia, que propõe perdão aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, pode representar um obstáculo em seus planos políticos.
Motta, eleito presidente da Câmara em fevereiro com 444 votos, tem evitado pautar o PL da Anistia, alvo de pressão da oposição liderada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O projeto, parado desde outubro de 2024, quando Arthur Lira (PP-AL) determinou a criação de uma comissão especial nunca instalada, enfrenta resistência do governo Lula (PT) e do Supremo Tribunal Federal (STF). O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), protocolou um requerimento de urgência com 262 assinaturas, mas Motta insiste que a decisão será tomada com o colégio de líderes.
O deputado tem articulado com Lula, o STF e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), uma proposta alternativa que reduz penas de réus menos envolvidos no 8 de janeiro, sem beneficiar líderes como Bolsonaro. A iniciativa, apresentada pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) em 29 de abril, busca esvaziar o PL da Anistia, mas desagrada bolsonaristas, que intensificaram críticas a Motta. Em ato na Avenida Paulista, em 6 de abril, o pastor Silas Malafaia cobrou o deputado, afirmando que ele “envergonha a Paraíba” por resistir à votação.
Analistas apontam que ceder à pressão do PL pode afastar Motta do apoio de Lula e do STF, essenciais para sua viabilidade eleitoral, enquanto ignorar a base bolsonarista, que vem crescendo na Paraíba, pode custar votos.
Motta mantém o discurso de priorizar pautas econômicas e segurança pública, como a PEC da Segurança Pública, também chamada de PEC das Facções, e evita confirmar sua candidatura ao governo. No vídeo publicado, ele agradeceu o carinho dos apoiadores, mas não comentou a referência a “governador”. Enquanto isso, se arquivar o PL da Anistia, reforça o dilema entre agradar a opinião pública, seus eleitores, e preservar sua imagem junto ao Judiciário e ao Planalto.
Veja o vídeo:
https://www.instagram.com/stories/hugomottapb/3623177711653914091

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