Grande construtora dá calote e compradores temem que ela quebre como a Encol

“Faz 2 anos que tento receber o meu dinheiro que juntei durante toda uma vida de trabalho. Isso é um absurdo”

O setor imobiliário parece estar se recuperando da grande crise ocorrida em meados 2016. Segundo dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), foram vendidos 114.756 imóveis entre abril de 2018 e abril de 2019, valor aproximadamente 20% maior comparado aos 12 meses precedentes. Já os distratos caíram 7,9% e agora se encontram em 20,6%, ainda longe do padrão de 2014, onde ficavam por volta de 10%. Mas esse número está bem abaixo do valor do 3º trimestre do 2016, pico da crise, em que o número chegou à 46%. Apesar da recuperação econômica ter começado, muitos consumidores ainda sofrem com os efeitos da crise e temem perder os seus investimentos.

Um exemplo grave é o dos compradores do empreendimento Wonderfull, anunciado em agosto de 2011, e de responsabilidade da Construtora Calper LTDA. Os clientes não estão recebendo o valor do distrato dos apartamentos. Segundo diversos relatos, o preço das parcelas aumentou consideravelmente ao longo dos anos, ficando bem acima do combinado, como relatou Tuany Palma, de 34 anos, cliente do empreendimento. “Após um ano pagando as parcelas mensalmente, começaram as assembleias extraordinárias nas quais eram impostos mais aumento no valor das parcelas e das intermediárias, a ponto de ficarem absurdamente caras. Nós, compradores do empreendimento, nos juntamos e contratamos uma auditoria externa para verificar o que estava ocorrendo e se havia alguma irregularidade”, disse.

Aqueles que fecharam acordo com a incorporadora sofrem para receber a quantia referente ao distrato. A lei, antes de ser alterada recentemente, garantia 25% como o valor máximo que pode ser retido pelas incorporadoras na renegociação do imóvel. Para agravar a situação, a construtora alega“insuficiência de recursos”, dada a crise no mercado imobiliário brasileiro.

A incorporadora também não está cumprindo acordos feitos com o governo do Rio de Janeiro como contrapartida (Museu Casa do Pontal) e está tendo problemas também com o Programa Minha Casa Minha Vida de um Condomínio em Jacarepaguá. Os motivos fazem os compradores temerem uma possível quebra da Calper.

Tuany Palma, de 34 anos, que comprou o imóvel em 2011, conta que tem medo de não reaver valor investido. “Em reunião ficou acordado em contrato que no distrato seria pago 50% do imóvel, assim que a unidade fosse vendida, e caso não fosse, o pagamento total seria efetuado até 30 de junho de 2017. Porém, em 30 de junho simplesmente não pagaram e acabou ficando por isso mesmo. Pedem para enviar um e-mail para o sócio diretor da empresa Ricardo Ranauro, mas não respondem. Ligamos e ninguém pode falar sobre o assunto. Entrei com um processo judicial e a justiça está tendo dificuldades de citar a empresa. É o dinheiro de uma vida inteira de trabalho. Isso é um absurdo. Já fiz denúncia para que a Receita Federal investigue o que realmente está acontecendo e estou aguardando uma resposta. No site reclame aqui e no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro existem diversas pessoas na mesma situação. O que vemos muito no Brasil são as empresas alegando problemas financeiros e seus sócios desfrutando de uma vida de glamour”, explicou.

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