Governo considera desrespeito ao povo de Roraima cancelamento de reunião de ministros no Palácio

Encontro estava agendado para às 11h desta quinta-feira, na sede do Governo do Estado, com a governadora Suely Campos e a bancada federal

 

De passagem por Roraima, em missão oficial para o Suriname, os ministros da Justiça, Torquato Jardim; da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Westphalen Etchegoyen cancelaram a reunião que estava agendada para as 11 horas, desta quinta-feira, 8, no Palácio Senador Hélio Campos, com a governadora Suely Campos e a bancada federal, para tratar sobre a crise migratória venezuelana em Roraima. A comitiva federal transferiu o encontro para a Base Aérea de Boa Vista.

Ao ser informada da mudança de planos dos ministros, a governadora Suely Campos comunicou que permanecerá na sede do Poder Executivo no horário anteriormente acertado, à espera da comitiva federal, pois não vai tratar de assunto de tamanha relevância para Roraima e para o Brasil, no saguão de um aeroporto.

“Fomos informados em cima da hora que os ministros não poderiam vir até o Palácio do Governo para participar da reunião, porque não teriam tempo suficiente para atender a nossa demanda. Não ficou claro o que está por trás dessa mudança, pois tudo estava pronto para receber os ministros e toda a comitiva. Considero isso um desrespeito ao povo de Roraima, que há três anos vem suportando sozinho o ônus de uma crise humanitária sem precedentes no País. Estamos solicitando audiência com os ministros desde novembro. Na semana passada, nossos parlamentares federais conversaram com o presidente Temer, que prometeu agir nesse caso, e agora os ministros vem a Roraima de passagem e querem tratar esse assunto dessa forma. Essa situação grave e excepcional requer mais atenção do Governo Federal”, disse Suely Campos.

Ela esclareceu que toda a política de atendimento a imigrantes é responsabilidade do Governo Federal, incluindo o controle das fronteiras, o ingresso e permanência de estrangeiros, assim como a documentação e assistência social, conforme definido na Constituição Federal, na Lei da Migração e no decreto recentemente expedido pelo presidente da República.

“Portanto, essa crise que estamos enfrentando é tema muito importante, que precisa de maior atenção da esfera federal. Nosso Estado não está em condições financeiras para arcar com todo esse processo, e nem é nossa jurisdição. Sofremos um grande impacto na saúde, na educação, na assistência social e na segurança pública, com o fortalecimento das organizações criminosas”, argumentou a chefe do Executivo.

Ela lembrou ainda que o aumento do fluxo de venezuelanos tem impactado na rotina dos roraimenses, devido ao crescimento da demanda dos serviços que são prestados pelo o Governo do Estado do Roraima.

“Na educação, a demanda de alunos aumentou em 100%. Na saúde, temos um acréscimo de 3.350% no atendimento nos hospitais. Somente na Maternidade, nascem por dia cinco bebês, filhos de venezuelanos. O Governo do Estado faz o acolhimento humanitário aos imigrantes com apoio exclusivamente das ONGs [Organizações Não Governamentais] e com a solidariedade do povo roraimense, que é acolhedor, que está sensível à situação dos venezuelanos, mas que está tendo dificuldades de acessar os serviços públicos por causa dessa crise”, pontuou Suely Campos.

Segundo ela, temos um problema gravíssimo na segurança pública. “O crime organizado está se aproveitando dessa vulnerabilidade dos venezuelanos e cooptando pessoas para o tráfico de drogas e de armas pesadas. O Governo Federal precisa entender que esse não é um problema restrito ao território roraimense, abrange todo o País. Temos vários relatórios que seriam apresentados aos ministros, e agora vamos solicitar novas audiências em Brasília para tratar dessa questão com a importância que ela tem para o povo de Roraima”, destacou.

A chefe do Executivo lembrou ainda que vários ministros já vieram a Roraima, mas nada de concreto foi feito. “Tudo que recebemos foi R$ 480 mil para comprar alimentos e gás para os abrigos. Ao enviar ministros que restringem sua passagem à Base Aérea de Boa Vista, o Governo Federal faz pouco caso do que está ocorrendo em Roraima. Nosso povo está pagando um elevado preço, com pessoas famintas ocupando praças públicas, ruas, sinais de trânsito. O Estado e os roraimenses se solidarizam para minimizar a dor dos imigrantes, mas o governo federal precisa assumir sua responsabilidade”, cobrou Suely Campos.

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