Para candidata à presidência do Senado, não há “vontade popular” para impedimento do presidente
Candidata à presidência do Senado contra o candidato do governo, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) não vê viabilidade, no momento, para a abertura de um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Congresso em Foco, Tebet diz que, embora o assunto seja discutido por deputados, ainda não há força suficiente nas ruas e na Câmara para que um processo dessa natureza avance. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e professora de Direito, ela evita avaliar se o presidente cometeu algum crime de responsabilidade até agora.
“Um processo dentro do Congresso Nacional, antes de jurídico, é um processo político. Se há, ou não, um crime de responsabilidade, o tempo vai dizer e deve ser investigado. Antes há uma preliminar muito importante a ser levada em conta, que é o fato de sermos uma Casa política, e depender de um dos elementos fundamentais para o início de um processo de impeachment: a vontade popular. Hoje as pesquisas mostram que a maioria da população não fala em impeachment e não quer o impeachment, isso é claro que é analisado pelo Congresso Nacional”, disse a senadora. “É uma decisão coletiva que está sendo discutida, mas que neste momento não tem viabilidade”, acrescenta.
Primeira senadora indicada por sua bancada para concorrer à presidência do Senado, Tebet começa a última semana antes da eleição com o desafio de reverter uma aparente vantagem de seu adversário, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome que une o PT e o presidente Jair Bolsonaro. A senadora, no entanto, está acostumada a desafios. Em 2019 enfrentou a cúpula emedebista ao se lançar de maneira à disputa da Casa. Abriu mão da candidatura no último instante para ajudar Davi Alcolumbre (DEM-AP) a derrotar Renan Calheiros (MDB-AL). Dois anos depois, os dois colegas de partido estão do mesmo lado contra o candidato de Alcolumbre. Ontem ela enviou a todos os colegas uma carta com suas intenções e compromissos.
Com o apoio declarado do MDB, do Podemos, do PSB e de parte do PSDB, a emedebista reconhece que largou atrás de Pacheco por ter sido indicada por seu partido apenas no último dia 12, enquanto seu adversário já estava com o bloco na rua desde que o Supremo Tribunal Federal vetou a reeleição de Alcolumbre e Rodrigo Maia (DEM-RJ). A senadora aposta em seu perfil conciliador e na resistência de parte do Senado à possibilidade de a Casa ser presidida por um aliado do Planalto.
Auxílio emergencial com teto
A senadora tem se encontrado com economistas e representantes do mercado e entidades da sociedade civil para construir uma agenda. Na pauta econômica, ela defende que o governo federal retome alguma forma de auxiliar as pessoas que perderam emprego ou renda durante a pandemia. Para a candidata à presidência do Senado, o auxílio emergencial deve ser adotado novamente, mas de maneira que não afete o teto de gastos.
“Essa âncora fiscal não pode ser alterada. Existem outras formas de garantir esses auxílios sem precisar mexer no teto dos gastos, seja através de cortes de gordura, seja através de uma possível medida provisória, criando créditos extraordinários muito bem delimitados, para que o mercado entenda que esse é um gasto necessário, mas não um gasto permanente. Então, há saídas. Os remédios podem exigir alguns sacrifícios, mas é possível ter medidas de socorro sem ter que sacrificar as âncoras fiscais”, afirmou.
“As âncoras fiscais precisam ser preservadas, até porque, no imediatismo, não adianta socorrer o país e em seguida matar o paciente”, afirma ele, ressaltando que, além da responsabilidade fiscal, é preciso ter cuidado com a responsabilidade social, para que o Estado socorra os mais pobres.
Veja a íntegra da entrevista da senadora ao Congresso em Foco:
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