Ministro da Saúde e governador do Amazonas participaram da inauguração
O Ministério da Saúde e o governo do Amazonas inauguraram hoje (26), em Manaus, uma ala hospitalar destinada ao atendimento de índios infectados pelo novo coronavírus. Adaptado à tradições e costumes indígenas, o espaço funciona no Hospital de Retaguarda Nilton Lins, que, desde abril, é considerado referência para o tratamento de pacientes com covid-19.
A ala indígena contará com 53 leitos, sendo 33 leitos clínicos, 15 leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cinco em Unidades de Cuidados Intermediários (UCI), além de posto de enfermagem. Um espaço foi destinado à instalação de redes e outro para a realização de rituais religiosos, respeitando as diversidades étnicas.
“Estamos montando os leitos de acordo com as tradições indígenas, colocando, inclusive, redes. Há um espaço voltado para as tradições indígenas, como uma sala para o pajé, e todas aquelas orientações acordadas com os profissionais que irão atuar aqui”, disse o governador Wilson Lima durante a cerimônia de inauguração, que contou com a presença do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e do secretário Especial de Saúde Indígena do ministério, Robson Santos da Silva.
Segundo Lima, o hospital não atenderá apenas indígenas aldeados, mas “todos aqueles que se declararem indígenas”. No entanto, os pacientes terão que ser encaminhados por outros serviços médicos, pois o hospital não oferece o primeiro atendimento.
“Isto aqui vai ajudar e muito os nossos irmãos, que vão entrar pelo sistema de regulação indígena”, acrescentou o governador, afirmando que a iniciativa é inédita.
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, acompanhado do governador do Amazonas, Wilson Lima, participam da inauguração da Ala Indígena no Hospital Nilton Lins – Ascom/Ministério da Saúde
Interiorização dos casos
De acordo com o secretário Robson Santos da Silva, a proposta de adequar uma ala do hospital surgiu após a visita de comitiva do governo federal a Manaus, no início do mês. Segundo Silva, de lá para cá, a tendência à redução do número de casos da doença confirmados na capital e, simultaneamente, de aumento no interior, se confirmou. Mesmo assim, os governos federal e estadual decidiram montar a ala indígena em Manaus, aproveitando a estrutura já existente.
“Eu sei que o surto agora está no interior [do estado]. E a Sesai está se interiorizando mais, principalmente com a parte de oxigenação. Neste contexto, estamos lançando, as unidades de atendimento primário à saúde indígena – covid-19, que vai interiorizar este tratamento”, disse o secretário, defendendo a importância de projetos tecnicamente bem fundamentados ao afirmar não poder dizer, por ora, se a iniciativa será reproduzida em outras localidades ou estados.
“Eu sempre brinco com o meu pessoal que o coronavírus vai passar, mas o CPF [dos gestores públicos] vai ficar. Se não fizermos as coisas de acordo com a lei. Se não tivermos uma justificativa para agir, daqui a dois, três anos, quem for nos julgar não vai lembrar de pandemia. Vai olhar só o frio do papel. [E perguntar] ‘Como foi comprado? Cadê a licitação?’. ‘Ah, mas era desespero. Havia um decreto…’. Ninguém vai querer saber disso. E vamos passar o resto da vida respondendo por tentar fazer o certo”, acrescentou Silva.
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