Operação conjunta investiga conexões entre crime organizado e órgãos públicos municipais da capital
Da Redação
A 2ª Vara de Entorpecentes da Polícia Civil de João Pessoa determinou a retirada do sigilo das prisões efetuadas pela Polícia Federal durante a Operação Mandare, deflagrada na última sexta-feira (4), em colaboração com outros órgãos. A investigação visa apurar possíveis ligações do crime organizado com órgãos da Prefeitura de João Pessoa.
Entre os presos, destaca-se Jossiênio Silva Santos, apontado como líder do esquema. Jossiênio, que já estava detido na penitenciária PB1, foi alvo de um novo mandado de prisão. Além dele, também foram alvos de prisão Fabiano Bastos da Silva Lira e Raylander Silva Souza.
Embora a Polícia Federal tenha divulgado o cumprimento de 7 mandados de prisão, apenas 3 constam no processo disponibilizado pelo site do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). As prisões preventivas dos três foram mantidas em audiências de custódia.
O levantamento do sigilo refere-se apenas aos mandados de prisão cumpridos no dia da operação. O restante do inquérito, que investiga, entre outras coisas, a possível indicação de pessoas para cargos na prefeitura de João Pessoa a partir de uma penitenciária, permanece em segredo de justiça.
Jossiênio é apontado pelos investigadores como um ‘conselheiro’ de facções criminosas que operam em comunidades na região metropolitana de João Pessoa. Ele teria contatado pessoas ligadas ao serviço público para facilitar indicações no poder público.
A Polícia Federal descobriu que o grupo, supostamente liderado por Jossiênio, mantinha uma atuação sofisticada, incluindo uma espécie de ‘dízimo’ exigido dos membros que estão fora de presídios. A análise de movimentações financeiras e dados de um celular apreendido levou à suspeita de interferência do grupo no serviço público.
O trabalho investigativo resultou em buscas e apreensões nas secretarias de Direitos Humanos, Saúde e na Empresa de Limpeza Urbana (Emlur) da Prefeitura de João Pessoa. Entre os alvos das buscas, além da secretária executiva de Saúde, Janine Lucena (filha do prefeito Cícero Lucena), estão outras duas servidoras. Patrícia Silva Santos estava ligada à Secretaria de Direitos Humanos, enquanto Aline Silva Santos trabalhava na Emlur. Na Emlur, a direção da empresa anunciou o afastamento da servidora.
Não é possível confirmar se as duas foram indicadas para os cargos pelo ‘esquema’, nem se têm parentesco com o detento Jossiênio Silva. Todos têm o mesmo sobrenome.
Na sexta-feira, o prefeito Cícero Lucena afirmou estar colaborando com as investigações e determinou a abertura de procedimento administrativo para apurar o suposto envolvimento de servidores. Ele ressaltou que a filha foi citada por ter atendido uma ligação de dentro de um presídio.
O caso tem gerado grande desgaste para o prefeito, impactando sua imagem para a possível reeleição no pleito deste ano. Novas pesquisas foram encomendadas para avaliar o impacto da Operação da Polícia Federal na percepção pública sobre o prefeito.
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