Registros de intoxicação alimentar, provocados por refeições oferecidas na unidade, também ameaçam a saúde de funcionários
Equipamentos quebrados e materiais em péssimas condições de funcionamento estão colocando em risco a vida de pacientes na Unidade de Pronto Atendimento do bairro dos Bancários, em João Pessoa. Registros de intoxicação alimentar, provocados por refeições oferecidas na unidade, também ameaçam a saúde de funcionários.
As denúncias estão sendo divulgadas pelos próprios servidores municipais, que clamam por ações dos conselhos profissionais. De acordo com os registros, os casos mais graves estão ocorrendo na ala vermelha da UPA, onde são atendidos os pacientes em maior gravidade.
“Estamos com seis monitores na vermelha. Todos eles funcionando precariamente. Apenas dois aferem pressão arterial, mas não são confiáveis. Já apresentaram erro na leitura e números incompatíveis com a real situação do paciente. Apenas um verifica saturação. Os outros somente frequência cardíaca ou frequência arterial”, revelou uma das pessoas que trabalham no setor, mas que preferiu não se identificar com medo de perseguição.
Os pacientes que necessitam de cuidados contínuos precisam de monitorização integral e condizente com os seus parâmetros, acrescentou a denunciante. “Esses registros precisam ser realizados a cada duas horas. É impossível fazer isso no momento”, criticou.
As refeições oferecidas pela unidade também estão comprometidas e não são raros os registros de registros de intoxicação alimentar. Segundo a equipe profissional, existe até funcionário que está afastado por conta de problemas gastrointestinais, provocados pela péssima alimentação, que inclusive foi divulgada através de alguns vídeos.
O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado da Paraíba registrou a denúncia sobre a qualidade da alimentação através das redes sociais. Na publicação, os representantes da categoria questionaram a Diretora de Atenção à Saúde da Prefeitura de João Pessoa, Alline Grisi, que curiosamente tem formação em consultoria em segurança de alimentos.
“Alline Grisi, você como nutricionista, o que diz sobre a alimentação servida para os profissionais plantonistas que laboram na Upa Bancários e demais unidades de saúde?”, questionou a postagem da entidade. A reflexão também foi ampliada para os profissionais da enfermagem: “E você profissional de enfermagem, qual avaliação você faz da alimentação servida na unidade de saúde que você trabalha?”, perguntou.
A gravidade das denúncias se soma as outras centenas de problemas na saúde de João Pessoa, criticou o deputado federal Ruy Carneiro. “Os registros são extremamente preocupantes e colocam em risco a vida das pessoas. As imagens e relatos comprovam que a péssima gestão não está restrita apenas as unidades de saúde e a atenção básica. É uma administração desastrosa, que também não consegue garantir o mínimo de funcionamento nos serviços de média e alta complexidade”.
O parlamentar chamou a atenção dos órgãos de fiscalização e também dos conselhos profissionais. “As denúncias são graves e precisam ser amplamente apuradas. A intervenção nessa unidade e a solução dos problemas também têm que acontecer de forma urgente. O Ministério Público, além dos conselhos de medicina e enfermagem têm cumprido um papel importante e com certeza estão atentos a todos esses absurdos”, defendeu.
PROBLEMAS NÃO SOLUCIONADOS
A UPA dos Bancários já foi alvo de outras denúncias e até o momento algumas delas permanecem sem solução. O caso mais crítico é o do raio x, que está quebrado há mais de um ano. De acordo com os primeiros registros, no dia 04/03/2024 fez um ano que o equipamento está com a placa quebrada para procedimentos em adultos.
A situação segue provocado diversos transtornos para pacientes e funcionários. Quem precisa passar pelo exame continua sendo encaminhado para outras unidades. Segundo os servidores, a condição é ainda mais grave quando envolve pessoas acamadas e idosos.
FALTA DE MÉDICOS E MEDICAMENTOS
Na atual gestão, o local já foi interditado pelo Conselho Regional de Medicina por falta de médicos.
Em outras fiscalizações, o Conselho também registrou falta de medicamentos básicos, a exemplo de Buscopan, e de insumos para realização de exames de rotina, como beta HCH, sumário de urina, dosagem de sódio e potássio.
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