Acusado de atuar politicamente para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS, o futuro do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, está agora nas mãos do presidente da República interino Michel Temer que analisa a situação de Alves ao longo do dia de hoje. A informação foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã de hoje (6), que admitiu o constrangimento para o governo.
“Qualquer citação que possa ser negativa, eu não sou ingênuo, nem nossos ouvintes, nem ninguém, é claro que constrange”, disse. A denúncia foi divulgada hoje (6), pelo jornal Folha de S. Paulo que teve acesso a um despacho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na peça, Janot afirma que o esquema envolvia, além de Alves, o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.
Foram mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro que basearam o pedido, encaminhado em abril, para abertura de inquérito para investigar os três apontados pelo procurador. De acordo com o jornal, como o documento era mantido sob sigilo, não é possível identificar a decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
Segundo Janot, Alves e Cunha recebiam valores indevidos em forma de doações oficiais e, em troca, atuavam em favor de empreiteiras. A reportagem ainda destaca que, no caso de Alves, parte do dinheiro do esquema abasteceu sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou derrotado.
Em nota, a assessoria de Alves afirmou que ele não recebeu doações em desacordo com a lei. “Todas as doações recebidas pela campanha de Henrique Eduardo Alves foram de acordo com a lei, registradas nos tribunais eleitorais, absolutamente transparentes”, diz o texto. A OAS disse que não vai se manifestar sobre o caso.
Procurado pela Agência Brasil, Eduardo Cunha, deputado que foi afastado pelo STF e é réu na Lava Jato, disse que não se manifestaria mais sobre o tema e afirmou que sua resposta foi dada ao jornal. Na reportagem da Folha de S. Paulo, o peemedebista disse desconhecer o pedido de investigação, e afirmou que não praticou “qualquer favorecimento nem à OAS e nem a ninguém. Tampouco recebi qualquer vantagem.”
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