Aracajú (SE) – No último dia 08 de julho o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) completou 14 anos. A instituição tornou-se importante pilar no atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, qualificando os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Ao todo, foram contabilizados 1.229.348 chamados ao telefone 192 e, segundo a superintendente do Samu, Glícia Ramos, desse total, foram gerados 98.272 atendimentos com Unidade de Suporte Avançado (USA) e 489.981 com a de Suporte Básico (USB).
Com fundação em 2002 em Aracaju, o serviço foi pioneiro no Brasil. Antes de ser instituída como Politíca Nacional de Atenção às Urgências (portaria 1864/2003), o decreto presidencial da Rede Samu 192 (nº 5.005, de 27 de abril de 2004) instituiu o Samu 192 Sergipe como componente assistencial móvel da Rede de Atenção às Urgências.
O Samu, atualmente, dispõe de gestores da área da saúde, bem como equipes de suporte avançado e básico. Ao longo dos anos, os avanços são reconhecidos pelo Ministério da Saúde (MS). Em setembro de 2015, Sergipe apareceu em primeiro lugar nos principais indicadores, como no quesito ‘Profissionais em Atuação’. A pesquisa foi realizada pelo próprio MS e divulgada na revista ‘Emergência’, de circulação nacional.
“Nos destacamos também no nível de efetividade, em relação ao número de profissionais e de habitantes. Isso é qualidade, eficiência e eficácia. De todos os estados e de todos os 186 Samus dos Brasil, o melhor no ranking foi Sergipe”, comemora Glícia Ramos.
Sergipe também aparece na primeira colocação a partir do indicador ‘Estrutura e Recursos Humanos’, que considera as centrais de regulação, bases e o efetivo total do serviço. “Esse indicador aponta para estrutura do serviço e a qualidade dos recursos humanos, operacionalização, estrutura técnica, método e modelo de atuação”, complementa Glícia Ramos.
Esses indicadores positivos, além do aperfeiçoamento dos profissionais, levaram ambulâncias e as 48 equipes assistenciais do Samu 192 Sergipe a preencher os requisitos para qualificação pelo MS. O Samu sergipano conta com o apoio de 1.150 profissionais, 43 Unidades de Suporte Básico e 16 de Suporte Avançado.
“O compromisso de sempre seguir verificando as metodologias de trabalho da gestão e equipes assistenciais e reguladoras e o fortalecimento da assistência pré-hospitalar em Sergipe comprovam que o Samu 192 Sergipe está no rumo certo”, falou a gestora do Samu.
Trotes
Ao longo desses 14 anos, um dos maiores desafios do Samu são os trotes. Para se ter uma ideia já foram contabilizadas 233.576 chamadas falsas, uma média de 16 mil trotes por ano.
“Lamentavelmente, mesmo com todas as campanhas de conscientização, os atendentes recebem palavras ofensivas e de baixo calão em curto espaço de tempo, fato que gera grande desgaste emocional. A prática considerada criminosa compromete as equipes assistenciais, tempo resposta e os equipamentos. Mesmo com as campanhas de conscientização que ocorrem durante o ano inteiro, os números permanecem altos. Vale lembrar que as ligações são gravadas”, ressalta Glícia Ramos, analisando, ainda, que vidas podem ser perdidas quando o telefone 192 não é utilizado adequadamente. “Por isso, intensificamos as ações com a campanha ‘Sou Amigo do Samu – Não passo trote”, complementa.
Regulação
O Samu 192 Sergipe está vinculado à Central de Regulação das Urgências, em funcionamento no Complexo Regulatório Estadual. Na sala, estão dois telões onde os profissionais acompanham (em tempo real) a resolutividade de toda rede hospitalar. Esta central tem a função de realizar a regulação pré-hospitalar móvel e o encaminhamento para a unidade hospitalar mais indicada ao atendimento ao paciente além de monitorar todas as unidades de saúde que compõem a rede estadual de urgência e emergência.
“O Samu tem um olhar bem abrangente fazendo o monitoramento das unidades e a regulação de urgência. Em caso de um resgate de um acidente. É a Central de Regulação que identifica a demanda e o encaminhamento do paciente à unidade que atenda a complexidade do caso. Samu faz primeiro atendimento com o transporte”, ressalta Glícia.
Como usar corretamente o Samu
Ao ligar gratuitamente para o número 192, o solicitante é atendido pelo Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) que, após colher alguns dados como endereço, ponto de referência, nome e número do telefone do solicitante e o tipo de ocorrência, a ligação é direcionada para um médico regulador, que fica na Central de Regulação das Urgências.
Ele é responsável por prestar orientações e, em caso de alguma necessidade, envia uma Motolância, Unidade de Suporte Básico (USB) ou de Suporte Avançado (USA) ao local solicitado.
“O primeiro contato ajuda o médico regulador a designar o envio de uma USB ou da USA de acordo com a gravidade do caso. Por se tratar de um atendimento de urgência e emergência, o Samu deve ser solicitado apenas para casos como problemas cardiorespiratórios, intoxicação, crises convulsivas, acidente vascular cerebral, acidentes com produtos perigosos, queimaduras graves, trabalhos de parto onde haja risco para mãe ou para o feto, tentativas de suicídio, acidentes automobilísticos com vítimas, afogamentos, choques elétricos etc”, reforça Glícia Ramos.
Educação Permanente
No ano passado, o Samu 192 Sergipe inaugurou o Laboratório de Simulação Realística, sob a coordenação do Núcleo de Educação Permanente do Samu 192 Sergipe. O ambiente consiste em ofertar cursos de atualização aos profissionais do serviço e demais trabalhadores da rede hospitalar de saúde no estado, servindo para o aperfeiçoamento das práticas de urgência e de emergência entre estudantes dos cursos de Enfermagem e Medicina das universidades sergipanas.
“Tudo isso funciona com moderna tecnologia, com o uso de manequins e equipamentos que permitem às equipes assistenciais ampliar os conhecimentos em suporte de vida, distribuídas em cenários simulados de baixa, média e alta complexidade, seja no ambiente pré ou intra-hospitalar. O laboratório conta com datashow, TV, computador com acesso a internet, além de auditório com capacidade para 60 pessoas”, revela o coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Samu, Ronei Barbosa.
Além disso, parcerias com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Estadual da Saúde (Funesa) estão sendo firmadas para materiais didáticos adquiridos.
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