Quem são os investigados no esquema que levou à prisão da primeira-dama e vereadora em João Pessoa

A Polícia Federal desmantelou esquema envolvendo nomeações ilegais em troca de apoio de facções criminosas durante as eleições municipais, resultando na prisão de Lauremília Lucena e Raíssa Lacerda

Da Redação

A terceira fase da Operação Território Livre, conduzida pela Polícia Federal, levou à prisão da primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, e da vereadora Raíssa Lacerda. Ambas são investigadas por envolvimento em um esquema de influência política que, segundo as autoridades, utilizou de meios ilegais para garantir apoio eleitoral nas eleições municipais. Entenda quem são os principais envolvidos:

Lauremília Lucena
Lauremília é esposa do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que tenta reeleição, mas não é citado na operação. Ela foi presa no último sábado (28), acusada de integrar um esquema de cooperação com facções criminosas. Segundo as investigações, Lauremília teria indicado cargos na prefeitura a pessoas ligadas a facções criminosas, em troca de apoio em territórios controlados por esses grupos. As nomeações ilegais teriam ocorrido mediante acordos com líderes de facções como David Sena e Keny Rogeus, para influenciar as eleições. Lauremília segue presa no Presídio Júlia Maranhão.

Tereza Cristina
Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, secretária pessoal de Lauremília Lucena, também foi presa. Ela teria desempenhado um papel central na nomeação de pessoas ligadas ao esquema criminoso na gestão municipal, trocando cargos por apoio político e controle territorial durante o período eleitoral. Tereza mantém uma ligação próxima com Cícero Lucena, com quem já trabalhou no Senado Federal. Ela permanece detida no Presídio Júlia Maranhão.

Raíssa Lacerda
Vereadora pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Raíssa Lacerda era candidata à reeleição, mas renunciou após sua prisão em 19 de setembro, durante a segunda fase da operação. Ela é suspeita de liderar o esquema que utilizava meios ilegais para coagir moradores a votarem nela. Raíssa já foi secretária-executiva de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de João Pessoa e atualmente segue presa no Presídio Júlia Maranhão.

Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos
Pollyanna, esposa de Keny Rogeus, foi presa na segunda fase da operação e é suspeita de pressionar moradores do bairro São José para que votassem de acordo com os interesses do esquema. Keny é apontado como líder da facção criminosa que atua na região. Após sua prisão, Pollyanna obteve prisão domiciliar para cuidar de um irmão com necessidades especiais.

Kaline Neres do Nascimento Rodrigues
Kaline foi apontada como articuladora com facções para conseguir votos para Raíssa Lacerda no bairro Alto do Mateus. Ela foi contratada pela Prefeitura de João Pessoa como encarregada de turma e trocava mensagens com David Sena, “Cabeça”, considerado o “gerente do tráfico” no bairro. Presa em 19 de setembro, sua prisão foi convertida em domiciliar após alegação de que tem dois filhos menores, sendo um deles autista.

Taciana Batista do Nascimento
Taciana, ligada ao centro comunitário Ateliê da Vida, teria sido utilizada por Pollyanna para influenciar a comunidade e garantir o controle da facção criminosa sobre os votos dos moradores. Contratada como auxiliar operacional na prefeitura, Taciana foi presa na segunda fase da operação e segue detida no Presídio Júlia Maranhão.

Keny Rogeus Gomes da Silva (Poeta)
Keny Rogeus, marido de Pollyanna, é apontado como chefe da facção Nova Okaida. Ele já estava preso no PB1 e teve seu mandado de prisão cumprido em razão de seu envolvimento no esquema que buscava garantir o apoio das facções nas eleições municipais em troca de nomeações na prefeitura.

David Sena (Cabeça)
David Sena, conhecido como “Cabeça”, é suspeito de chefiar uma facção criminosa no bairro São José. Apesar de ter tido seu mandado de prisão expedido, ele segue foragido. De acordo com a investigação, Kaline Neres tentou recrutá-lo para apoiar a candidatura de Raíssa Lacerda.

O que dizem os envolvidos
A defesa de Lauremília Lucena afirmou que a prisão preventiva foi recebida com surpresa, alegando que ela nunca foi chamada para prestar esclarecimentos. Os advogados argumentam que a prisão é abusiva e que estão tomando medidas junto ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. A assessoria de Raíssa Lacerda reiterou a inocência da vereadora, afirmando que ela não possui ligação com as pessoas citadas na investigação. A defesa de Kaline Neres e Pollyanna Monteiro também negou qualquer conduta ilícita. O advogado de Keny Rogeus preferiu não se manifestar, e a defesa de David Sena não foi localizada.

Outras fases da Operação Território Livre
A operação começou em 10 de setembro com mandados de busca e apreensão. A segunda fase, em 19 de setembro, levou à prisão de Raíssa Lacerda, Pollyanna Monteiro, Kaline Neres, e Taciana Batista. Na terceira fase, além da prisão de Lauremília Lucena e Tereza Cristina, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A Operação Território Livre busca garantir a liberdade do voto, investigando aliciamento eleitoral e a influência de facções criminosas no processo eleitoral.

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