Programa de cisternas do Governo Lula para combater a seca destina 85% dos recursos a ONG ligada ao PT

Ministério do Desenvolvimento Social nega influência política, mas concentração de R$ 640 milhões em entidade petista gera críticas por falta de transparência

Da Redação

O programa de construção de cisternas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltado para combater a seca no semiárido, alocou 85% de seu orçamento de 2024, equivalente a R$ 640,1 milhões, à Associação Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (P1MC), uma organização não governamental dirigida por dois filiados ao PT desde 1987. Dos R$ 755,8 milhões totais do programa, gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, sob Wellington Dias (PT), a P1MC subcontratou 37 entidades, muitas também ligadas a petistas, que receberam R$ 152 milhões, segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU).

O convênio, firmado em 2023 após edital público, tem sido questionado por parlamentares da oposição, como o deputado André Fernandes (PL-CE), que apontam falta de transparência na escolha da entidade. O ministério nega irregularidades, afirmando que a seleção priorizou a experiência técnica da P1MC, que atua há 22 anos e atendeu 1,2 milhão de famílias no semiárido. A CGU identificou falhas na execução de cisternas, como atrasos e problemas de qualidade, mas considerou os riscos “suficientemente controlados” devido aos critérios de seleção.

Entre as subcontratadas, destaca-se a Cooperativa de Trabalho e Produção Agropecuária do Piauí (Cootapi), que recebeu R$ 9 milhões e é dirigida por ex-integrantes do governo de Wellington Dias no Piauí. O programa, retomado em 2023 após redução de entregas no governo Bolsonaro (3 mil cisternas em 2022 contra 58 mil anuais até 2018), é parte do projeto Água para Todos, promessa de campanha de Lula. Críticos, como o advogado Frederico Cortez, cobram maior rigor em contratações de alto valor, sugerindo programas de integridade para evitar conflitos de interesse.