Por Ricardo Callado
Se o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) fizer um balanço dos seus 500 dias de governo, será um discurso mais econômico que político. Ainda há tempo para preparar a defesa de sua gestão. O simbolismo será marcado no próximo dia 14 de maio. Mas, o que dizer?
A marca dos 500 dias pode ser o início da virada. A equipe do Buriti deve estar, com certeza, preparando algo para mostrar à sociedade.
Rollemberg pode centrar-se na recuperação econômica do Distrito Federal, mostrando os números positivos do primeiro trimestre de 2016.
A questão é que mesmo com o arrocho nas contas públicas em 2015, a contenção de despesas e o aumento de impostos, a crise financeira do governo ainda é a pauta.
Ainda não existem números positivos suficiente que se pode comemorar. A economia só deve iniciar uma recuperação em 2017. O jeito para o governo é entrar no discurso político.
Só que a política foi relegada a segundo plano no início do governo. Deixou de ser um item de pauta. Para quem aconselhava o governador, a mesma política que o elegeu governador tornou-se algo repugnante.
Isso fez o governo perder quase um ano. A decisão de isolar o Executivo e cassar diálogo com os outros poderes, prejudicou Rollemberg. O governador foi vítima da sua própria equipe.
As decisões necessárias que poderiam ser mais fácies num primeiro momento, acabaram se transformaram em um cabo de guerra. A sociedade viu que o governo batia cabeça.
Foi um desgaste desnecessário para o governo. E Rollemberg teve que correr atrás para consertar a sequência de erros daqueles em que depositou confiança. E ainda corre atrás. A desgraça foi grande.
E as ações que vem sendo tomadas são boas, mas insuficientes. É preciso de um plano de recuperação de imagem para o governo e para o governador. É só lembrar do clichê: não basta ser, tem que parecer. E aparecer.
E o momento é esse, em que as atenções estão voltadas para o calvário da presidente Dilma. A mudança no governo federal não vai resolver a crise, mas cria-se um ânimo novo. E essa onda otimista acaba indiretamente favorecendo o GDF.
Para isso, Rollemberg tem que passar otimismo através de ações. E mostrar de forma inteligente que essas ações estão sendo feitas. Senão, o efeito será contrário. As atenções das massas insatisfeitas podem mirar novamente no Buriti. Assim, o governador viverá novamente tempos difíceis.
O momento é de construir pontes. A estratégia da discórdia implantada no início do governo deve ficar para trás. O governador também precisa pedir aos integrantes do primeiro escalão pararem de gerar agenda negativa.
Acreditem, Rollemberg vive hoje seu melhor momento desde que assumiu. Ainda está tentando descobrir como transformar isso em algo positivo na avaliação de governo pelo brasiliense.
Rollemberg deve aproveitar o momento e mostrar a capacidade que o governo pode ter de oferecer à sociedade a possibilidade de estar sempre lidando com uma agenda positiva.
Uma agenda de governo depende de vários fatores, mas, primordialmente, do perfil do gestor público. E esse perfil precisa ser também trabalhado.
Nesses primeiros 500 dias, alguns números melhoraram, outros não. Muitos dos empreendimentos prometidos não avançaram, mas não se pode perder a oportunidade de apresentar com estardalhaço os feitos de governo. A população precisa saber o que se faz. É simples assim. Não adianta fazer e não mostrar. Do contrário, nunca se conseguirá uma boa avaliação.
O governo tem que ser o primeiro a dar o exemplo. “As palavras convencem, mas os exemplos é que arrastam”, já dizia Confúcio
Saber oferecer uma agenda positiva de governo depende muito do resultado das ações, mas deve fazer parte do perfil do gestor. Se Rollemberg tem dificuldade, até por seu perfil mais recatado de mostrar com pompa o que fez, outros governos conseguiram superar essa barreira de forma prática. E se deram muito bem.
Rollemberg não tem mais o direito de perder oportunidades de lançar boas notícias sobre a sua gestão. São as pequenas diferenças que dizem muito do perfil do gestor e da gestão.
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