Por Ricardo Callado
Engana-se quem acha que fugir da política é a melhor saída para chegar bem nas eleições de 2018. O País vive uma das mais graves crises políticas de sua história. E uma crise política se resolve com política.
Não se ganha eleição sem a política. Assim como não se joga futebol sem uma bola. Incautos e sonhadores pensam o contrário.
Quem for desleixado com a política, fica para trás. Jogo minhas fichas que as próximas eleições serão as mais disputadas da história. E isso vale para presidente da República e governador do Distrito Federal.
Junta-se a política uma grave crise econômica. E, ser oposição ao governo, acaba sendo um bom trunfo. Foi assim com os adversários do governo Agnelo (PT). Será semelhante com Rollemberg (PSB).
Agnelo foi um desastre econômico que inviabilizou Rollemberg fazer um bom início de governo.
O ex-governador sequer passou ao segundo turno nas eleições. E não foi por falta de base parlamentar. Foi pelo desastroso governo. Não fez a política correta. Fez a velha política do PT e se deu mal.
Por sua vez, Rollemberg abdicou da política. Seguiu uma linha de raciocínio torta. Acreditou nela. E, por isso, se ferrou nos primeiros seis meses. No segundo semestre, correu atrás do prejuízo e contabilizou bons resultados, aprovando medidas necessárias no Legislativo.
Veio 2016, e o governo decidiu repetir alguns erros do início. Vai partir para o enfrentamento com a Câmara Legislativa. É uma briga que os dois lados vão sair perdendo. E a população também.
É tão confuso essa forma de fazer política que o melhor é buscar numa célebre frase da presidente afastada Dilma Rousseff para explicar melhor: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem quem perder, vai ganhar ou vai perder. Vai todo mundo perder”. Entendeu? Também não. Nem lendo novamente.
O segundo semestre vai ser turbulento. Rollemberg vai ser pressionado pela crise econômica, pela Câmara Legislativa, pelos movimentos sindicais, pelas trapalhadas de sua equipe e, para completar, deve sofrer resistência por parte do governo federal. E deve partir para o ataque. Isso tem tudo para não dar certo.
Numa campanha eleitoral, muitos querem ser governo. Ter a caneta na mão ajuda atrair aliados e a máquina forma um exército de comissionados prontos para ajuda na disputa. Mas precisa se somar a isso uma boa avaliação. Do contrário, nada adiantará. E só existe uma forma se sobreviver na política. É fazer política.
A caneta, quando torna aliado em adversário, é porque algo está errado. Joaquim Roriz era famoso por fazer a política de “ciscar para dentro”. Manter o grupo político unido. Ou seja, atrair lideranças políticas para debaixo de suas asas. Assim como faz a galinha com suas crias. E o governador é um admirador confesso de Roriz.
Rollemberg ainda pode botar ordem no galinheiro. Ciscar para dentro é a ordem. Depois disso, pode pensar em 2018. Por enquanto, vai vivendo cada dia, administrando crises. E com o desfecho do impeachment de Dilma, os holofotes irão voltar ao Palácio do Buriti. O período de suposta calmaria findou.
Fica um conselho: o governador deve buscar para o seu lado aqueles que vivem “para” a política e não os que vivem “da” política. A questão é que a maioria dos políticos atuam nas duas frentes.
O que não se pode é ter irresponsabilidade e desleixo com a política. Por que o preço a ser pago é muito alto.
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