Opinião: Carnaval serve para maquiar os problemas reais dos brasileiros

A festa mais icônica do Brasil divide opiniões entre alegria popular e críticas aos seus impactos sociais e econômicos

O Carnaval, sinônimo de Brasil no imaginário global, chega em 2025 com sua habitual explosão de cores, música e multidões — mas nem todos estão em clima de festa. Enquanto milhões se entregam ao samba e às ruas, há quem veja na celebração apenas “mais uma desgraça brasileira”, um evento que, sob o brilho das fantasias, escancara problemas estruturais do país. Entre a tradição cultural e as críticas crescentes, o Carnaval continua sendo um espelho das contradições nacionais. Afinal, é justo reduzi-lo a um símbolo de caos?

Para os críticos, o Carnaval é um catalisador de desperdício e desordem. Em 2024, só na cidade de São Paulo, foram recolhidas 1.200 toneladas de lixo após os blocos, segundo a prefeitura, enquanto o Rio de Janeiro registrou aumento de 15% nos atendimentos médicos por excesso de álcool e violência. Os custos públicos também pesam: governos estaduais e municipais desembolsam milhões em segurança, infraestrutura e limpeza, recursos que, para alguns, poderiam ser direcionados a áreas como saúde e educação. “É uma farra que paralisa o país e não resolve nada”, dizem os detratores, apontando ainda a romantização de uma festa que, em muitos casos, expõe a desigualdade social em vez de combatê-la.

Por outro lado, defensores argumentam que o Carnaval é mais do que excessos — é economia e identidade. Em 2023, a festa gerou R$ 8 bilhões em receita nacional, segundo o Ministério do Turismo, movimentando setores como hotelaria, comércio e transporte. Pequenos empreendedores, de ambulantes a costureiras de fantasias, encontram no período uma rara chance de renda extra. Culturalmente, o evento carrega séculos de resistência, misturando raízes africanas, indígenas e europeias em uma celebração que, para muitos, é o ápice da expressão popular. “Chamar de desgraça é ignorar o que ele representa para o povo”, rebate quem vê na folia um grito de liberdade.

A polarização não é nova, mas ganha força em tempos de crise. Com a desaprovação do governo Lula III em 55%, conforme a recente pesquisa CNT/MDA, o Carnaval pode virar alvo fácil de insatisfações mais amplas. Para os descontentes, a festa amplifica a percepção de um Brasil estagnado, onde alegria momentânea mascara problemas crônicos como violência e pobreza. Já os otimistas insistem que, em um país de tantas dificuldades, negar o direito ao festejo é tirar o pouco que resta de leveza.

No fim, o Carnaval de 2025, que começa oficialmente em 28 de fevereiro, será o que sempre foi: um retrato ambíguo. Para uns, uma desgraça que escancara falhas; para outros, uma válvula de escape que mantém viva a alma brasileira. Talvez o verdadeiro desafio não esteja na festa em si, mas em como o país lida com o que ela reflete — e com o que sobra quando os tamborins silenciam.

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