Por Ricardo Callado
Quem acompanha de perto a administração pública, percebe uma mudança positiva. O governador Rodrigo Rollemberg intensificou nas últimas semanas compromissos longe dos gabinetes.
A agenda pública do governador mudou. A intenção é que ele fique mais perto da população. E que o povo o veja mais de perto. Além disso, pretende-se gerar uma sequência de pautas positivas.
Só para citar do dia 1º de junho para cá, Rollemberg fez a entrega da revitalização de praça, participou de desfile cívico, de festa junina, de festa beneficente, de corte de bolo de aniversário de cidade, de corrida de rua, inaugurou pista de atletismo, lançou pedra fundamental e visitou obras de reforma de escola.
Essa maratona é uma mudança importante. Rollemberg sai da redoma imposta por sua equipe. Se a estratégia vai dar certo, é preciso esperar mais um pouco. Ainda é cedo para medir.
A questão é que essas agendas podem se tornar apenas pirotecnia e não produzir algo prático. Falta um discurso, uma política eficiente de recuperação de imagem.
Não adianta montar uma agenda e mudar o foco das matérias oficiais, ressaltando sempre o lado positivo.
Por exemplo: ao invés de informar que foram derrubados barracos deve-se dizer que foram retomadas terras públicas invadidas e que serão usadas para o bem da coletividade, como habitação e equipamentos sociais.
Vai ser preciso um truque mágico para editar as matérias sem a imagem dos tratores. Como o Rio de Janeiro que acabou com as favelas, chamando-as de comunidade. Ficou na mesma. O problema não é de nomenclatura. É de ação. E de decisão.
O Buriti completou um ano e seis meses de gestão e no campo midiático sofre ataques por todos os lados. O novo secretário de Comunicação, Luciano Suassuna, se tiver liberdade para trabalhar e autonomia, pode bancar esse desafio.
Os veículos da mídia tradicional (TVs, rádios e impressos) reclamam de diálogo com o governo. E de transparência em suas relações, esticando a corda. A relação numa foi boa, porque foi construída da forma errada.
Poucos são os espaços para pautas propositivas realizadas pelo governador Rodrigo Rollemberg. Isso é fruto de uma política equivocada implantada desde o início do governo.
A propaganda institucional realizada até agora não foi capaz de sanar o desejo destes veículos e a tendência é que a agenda negativa continue pautando essas redações. A relação de confronto e de arrogância só piora a situação.
O Buriti segue na área da comunicação a mesma política do governo Agnelo. Com retaliações e escolhidos.
Se a agenda do governador mudou, por que não acreditar que o GDF possa também virar esse jogo. Basta o governador querer. E seus subordinados obedecerem.
Outro lado que já se rebela é o da mídia comunitária. Jornais, portais de notícias e blogueiros estão cada dia mais criticando a postura do governador perante o que chamam de “paralisia governamental”.
Muitos começam a colocar em xeque a capacidade de o governador Rollemberg recuperar Brasília depois da gestão desastrosa do PT. Criticam o governo como um todo. Educação, Saúde, Segurança, Transporte, Agefis.
Quase nenhuma área do governo é poupada. E a tendência, como se comenta no meio político, é que essas críticas aumentem a medida que as eleições de 2018 fiquem mais próximas.
Equilibrar o jogo midiático é urgente. Ao chamar para perto e mostrar que quer ter uma relação respeitosa com esses veículos, o governo começa a fazer chegar seu noticiário propositivo à população.
O governo se deixa cair em armadilhas e tem dificuldades em sair delas.
E muitas outras armadilhas são colocadas no caminho do governo. O tempo todo. Faz parte do jogo político. O que falta é uma gestão para antecipar e gerenciar as crises. E um plano de recuperação de imagem.
Isso só será possível com uma integração maior entre governo e comunicação. Com autonomia e com a ajuda do próprio governador. Se tem alguém que pode salvar o governo Rollemberg é ele mesmo.
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