São necessárias transparência e cautela na utilização de recursos públicos no caso do alargamento da Orla de João Pessoa; em Balneário Camboriú, o mar já levou 70 metros de faixa de areia
A proposta de alargamento da orla em João Pessoa, nos moldes do projeto realizado em Balneário Camboriú, tem se mostrado uma polêmica que levanta questões importantes sobre a transparência e o uso adequado dos recursos públicos.
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito civil para investigar o projeto, alegando falta de clareza por parte da Prefeitura de João Pessoa em relação aos atos envolvidos e a ausência de informações prestadas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Além disso, a preocupação com a possível repetição dos problemas ocorridos em Balneário Camboriú, onde parte do investimento foi “engolido” pelo mar, gera apreensão entre os cidadãos.
A transparência é um princípio fundamental na gestão pública, e é essencial que os órgãos responsáveis forneçam informações claras e detalhadas sobre projetos de grande impacto. A falta de transparência relatada pelo MPF cria uma expectativa de que o projeto esteja em fase de estudo, enquanto, na verdade, já estão em andamento as tratativas para a contratação da empresa responsável pela execução.
A experiência de Balneário Camboriú deve servir como um alerta para a necessidade de cautela na utilização dos recursos públicos. A megaobra de alargamento da praia na cidade catarinense consumiu mais de R$ 88 milhões, e uma parte significativa dessa faixa de areia já foi “engolida” pelo mar.
O dinheiro público não pode se tornar uma oferenda, desperdiçado em projetos que não são adequadamente planejados e executados.
O projeto de alargamento da orla de João Pessoa prevê a construção de uma pista viária, uma terceira via em avenida paralela à praia, o alargamento da calçadinha e a transferência da ciclovia. Além disso, há planos para a construção de uma marina no bairro de Tambaú, substituindo o atual Mercado do Peixe.
Essas intervenções visam a reurbanização e o desenvolvimento da região, mas é imprescindível que sejam realizadas de forma transparente, responsável e sustentável.
A Prefeitura de João Pessoa, liderada pelo prefeito Cícero Lucena, precisa prestar esclarecimentos à população pessoense sobre o projeto de alargamento da orla e os problemas enfrentados em sua implementação.
A falta de transparência e a ausência de informações prestadas ao TCE geram dúvidas e incertezas entre os cidadãos, que têm o direito de conhecer os detalhes do projeto e de participar ativamente das decisões que afetam a cidade.
É necessário aprender com os erros ocorridos em Balneário Camboriú e garantir que o uso dos recursos públicos seja realizado com cuidado e planejamento adequados, evitando desperdícios e prejuízos futuros.
O alargamento da orla de João Pessoa pode trazer benefícios significativos para a cidade, mas somente se for conduzido de forma transparente, responsável e sustentável, levando em consideração os impactos ambientais e garantindo o uso eficiente dos recursos públicos.
A participação e fiscalização da sociedade são fundamentais nesse processo, para assegurar que os interesses coletivos sejam protegidos e que o dinheiro público seja utilizado em benefício de todos. O prefeito Cícero Lucena deve explicações.
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