Nova modalidade permite uso do fundo como garantia, mas levanta questões sobre custos ao trabalhador e impacto na popularidade do governo

O governo federal lançou na sexta-feira (21), o programa Crédito do Trabalhador, que permite aos empregados do setor privado contratar empréstimos consignados utilizando até 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia, além de 100% da multa rescisória em caso de demissão. A medida, regulamentada por Medida Provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começou a operar por meio da Carteira de Trabalho Digital, mas já provoca discussões sobre seus efeitos para os trabalhadores e a economia.
A modalidade prevê que as parcelas sejam descontadas diretamente da folha de pagamento, com taxas de juros estimadas em cerca de 23% ao ano, segundo projeções do mercado, enquanto o FGTS rende 6% ao ano para o trabalhador. Isso significa que o empregado usa seu próprio dinheiro como garantia, mas paga um custo adicional às instituições financeiras, o que tem sido apontado como um benefício maior aos bancos. O governo argumenta que a iniciativa reduz as taxas em comparação ao crédito pessoal tradicional, que pode ultrapassar 5% ao mês, ampliando o acesso a recursos para 47 milhões de trabalhadores formais.
A liberação do consignado com FGTS ocorre em um momento em que a popularidade de Lula enfrenta uma derrocada. Analistas avaliam que o aumento da circulação de dinheiro pode estimular o consumo e melhorar indicadores econômicos no curto prazo, como o PIB, mas sem alterar estruturalmente a inflação, que atingiu 1,31% em fevereiro, a maior em 22 anos, segundo o IBGE. O Ministério da Fazenda destaca que a medida não interfere no saque-aniversário e busca oferecer uma alternativa ao endividamento caro. No final, o trabalhador que se ferra.

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