Pastor acusa presidente da Câmara de ceder ao STF e a Lula, intensificando pressão pela anistia do 8 de janeiro

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e aliado de Jair Bolsonaro (PL), voltou a atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em uma nova ofensiva contra a resistência de Motta em pautar o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Em vídeo publicado nesta sexta-feira (23), Malafaia disparou: “Vamos ao argumento imbecil do Hugo Motta. Quer dizer que o Congresso virou capacho do STF? Vocês não têm poder de fazer leis sem pedir autorização a eles?”. A crítica, que ecoa meses de embates, reflete a frustração bolsonarista com a recusa de Motta em acelerar a tramitação do projeto, visto como essencial para aliviar a pressão sobre Bolsonaro e seus apoiadores. Mas o que está por trás dessa troca de farpas?
O projeto de anistia, defendido pelo PL e liderado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), busca perdoar penas de réus do 8 de janeiro, incluindo casos como o de Débora Rodrigues, condenada a 14 anos por pichação. Motta, que assumiu a presidência da Câmara em fevereiro de 2025, tem adotado uma postura cautelosa, alertando que aprovar o texto poderia ser considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e agravar a crise entre os Poderes. Em reunião com líderes partidários em 20 de maio, ele sugeriu que qualquer proposta precisa de diálogo com o STF e o governo Lula, uma posição interpretada por Malafaia como subserviência. “Frouxo, covarde, acomodado com Lula e Alexandre de Moraes”, acusou o pastor em 24 de abril.
Malafaia, que mobilizou 44,9 mil pessoas na Avenida Paulista em 6 de abril, intensificou os ataques após Motta priorizar quatro projetos do Judiciário — três do STJ e um do STF, como o PL 1/2025, que cria cargos comissionados — enquanto postergava a anistia. Ele alega que Motta age para “se proteger” de investigações da Operação Outside, que apura fraudes em Patos (PB), reduto de seu pai, Nabor Wanderley. A prefeitura nega envolvimento, mas Malafaia insiste que o deputado está “a serviço” de Moraes e Lula, cuja desaprovação atinge 55%.
Bolsonaro, por sua vez, tentou amenizar a tensão. Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, ele elogiou Malafaia, mas criticou sua abordagem impulsiva: “Ele não entende o Parlamento. Não dá pra resolver na pancada”. Mesmo assim, Motta se reuniu com Bolsonaro em 9 de abril, prometendo pautar a anistia se o PL conseguisse 257 assinaturas para urgência. O recuo do PL em obstruir a Câmara, classificado como “gesto” a Motta, não aplacou Malafaia, que em 10 de maio postou: “STF desmoraliza os deputados. Hugo Motta jogou combinado?”.
Na Paraíba, o embate tem reflexos. Adriano Galdino (Republicanos), aliado de Motta, reforçou seu apoio, mas a associação com Lula e Moraes pode custar caro em um estado onde o bolsonarismo cresce, com nomes como Romero Rodrigues (Podemos) e Cabo Patrício (PL) na oposição. A pesquisa ANOVA/PB Agora (07/04/2025) mostra Motta com 6,5% na corrida ao governo, atrás de Cícero Lucena (21,1%) e Pedro Cunha Lima (14,1%). Se Malafaia continuar a “centrar fogo” em Motta, o deputado pode perder apoio entre conservadores, enquanto a anistia permanece um sonho distante para o bolsonarismo — e um pesadelo para a harmonia institucional.

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