Para 57% dos cidadãos, sua família tem acesso a serviço de saúde ruim. Média do Brasil está bem acima da global (23%). Seis em cada dez brasileiros (66%) acreditam que o país não oferece o mesmo padrão de saúde para toda a população
O Brasil é o país em que a qualidade dos cuidados de saúde tem a pior avaliação. Seis em cada dez brasileiros (57%) avaliaram o serviço de saúde que sua família tem acesso como ruim. A média global de avaliação negativa é de 23%. Os dados são da pesquisa “Global Views of Healthcare 2018” da Ipsos, que entrevistou 23,2 mil pessoas em 28 países, incluindo o Brasil, entre os dias 25 de maio e 8 de junho. A margem de erro para o Brasil é de 3,1 pontos percentuais.
Depois do Brasil, a Sérvia é a segunda colocada no ranking de insatisfação com a saúde, com 47%. Em seguida estão Rússia e Polônia, ambas com 45%. Por outro lado, a Grã-Bretanha possui a melhor avaliação: 73% afirma que a saúde no país é boa. Em seguida estão Malásia (72%) e Austrália (71%).
“O estudo evidencia o momento complicado da saúde no Brasil. Em virtude da situação econômica e do desemprego, muitos brasileiros deixaram de ter plano de saúde, tendo de migrar para o SUS, já congestionado. Além disso, a crise econômica também gerou redução de custos nas operadoras de saúde, aumentando a percepção de queda de qualidade e causando ainda mais insatisfação de seus usuários”, ressalta Fabrizio Rodrigues Maciel, líder de Service Line Healthcare na Ipsos Brasil.
Três em cada dez brasileiros (34%) concordam com a afirmação “eu recebo todos os cuidados médicos que preciso”. O índice está abaixo da média global, de 49%. A Bélgica possui o melhor percentual (71%).
A média global de pessoas que concordam com a afirmação “eu recebo todo o atendimento odontológico que eu preciso” é de 46%. O Brasil aparece novamente com índice menor (32%), atrás apenas dos nossos vizinhos sul-americanos Chile (29%) e Peru (21%).
Somente dois em cada dez brasileiros (20%) concordam com a frase “eu confio que o sistema de saúde do meu país oferece o melhor tratamento”. No mundo, a média é maior, de 40%. A Espanha é a nação que mais confia na saúde (64%).
Sete em cada dez brasileiros (74%) concordam com a afirmação “muitas pessoas no meu país não podem pagar por bons cuidados de saúde”. Globalmente, o índice foi de 59%.
Atendimento e espera
O estudo mostra que a maioria dos brasileiros (66%) acredita que o país não oferece o mesmo padrão de serviço de saúde para toda a população. O percentual do Brasil está acima da média mundial, de 40%.
“É notório para a população que existe uma desigualdade muito grande na abrangência e na qualidade dos serviços de saúde. Existem bolsões de prosperidade com qualidade até superior aos países de primeiro mundo”, diz Maciel.
A espera pelo atendimento também foi um dos temas abordados pela pesquisa. A Sérvia é o país em que as pessoas mais concordam (91%) com a afirmação “o tempo de espera por uma consulta com o médico é muito longo no meu país”. No Brasil, o índice é menor, de 73%, mas ainda acima da média mundial (62%).
Os brasileiros são os que mais enfrentam dificuldades para marcar uma consulta com médicos da sua região (56%). O índice global é de 32%.
Maiores problemas
A pesquisa também questionou quais seriam os maiores problemas enfrentados pelo sistema de saúde dos países. Globalmente, dificuldade de acesso ao tratamento/ longa espera lidera, com 41%. Em seguida estão: falta de equipe (36%), custos de acesso ao tratamento (32%), burocracia (26%) e falta de investimento em saúde preventiva (21%).
No Brasil, o ranking dos cinco principais problemas ficou diferente. A falta de investimento foi a mais lembrada (47%), seguido pela falta de investimento em saúde preventiva (38%). Completam a lista: dificuldade de acesso ao tratamento/ longa espera (35%), tratamento com qualidade ruim (32%) e burocracia (26%).
Busca de informações
Quando questionados sobre quem ou o que consultam quando precisam de informações sobre cuidados de saúde, sintomas de doenças e tratamentos, a maioria das pessoas no mundo (58%) respondeu médico ou outro profissional de saúde. As páginas de pesquisa online ficaram em segundo lugar, com 43%. Família e amigos aparecem em terceiro (37%). Farmacêutico (34%) e enciclopédia online (22%) completam a lista dos cinco primeiros.
Metade dos brasileiros (50%) busca informações com médicos ou profissionais de saúde. Família e amigos são a segunda opção (36%). Em seguida estão: páginas de pesquisa online (35%), farmacêutico (29%) e site com informações de saúde (16%).
“Houve uma série de demandas nos últimos anos que geraram pânico na população (Dengue, Zika, Chikungunya, Febre Amarela, entre outras), isso somado a percepção de falta de atendimento mínimo, pode transformar o tema saúde em um dos principais a serem abordados e debatidos na Campanha Eleitoral desse ano”, reforça Maciel.
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