Sônia Oliveira, de 60 anos, participa de oficina em unidade no Riacho Fundo I. Em todo o País, campanha Janeiro Branco propõe desmistificar distúrbios psíquicos como depressão e bipolaridade
O artesanato caprichado feito em mosaico se destaca no ambulatório do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I. Com sorriso no rosto, Sônia Marisa da Costa Oliveira mostra o trabalho que faz no local onde é paciente há dez anos.
A aposentada de 60 anos diz que a vida dela se transformou radicalmente após começar o tratamento contra a depressão e o transtorno de bipolaridade. Além de receber o atendimento com psicólogos e psiquiatras, Sônia desenvolveu uma nova aptidão, que tem rendido dinheiro extra.
Quem a vê atualmente não imagina o quanto o caminho foi árduo. Ela conta que tinha um medo excessivo e quase não saía de casa. Agora, vende as peças em feiras de artesanato e já ajudou em projetos de decoração de restaurante.
“A minha vida melhorou 90% depois que eu comecei o tratamento no instituto e a Caco Terapia. Eu me valorizei mais”, relata.
A Caco Terapia – Centro de Arte Coletiva e Terapêutica – é uma oficina que propõe utilizar cacos de vidro e azulejos como uma representação do próprio estado emocional, colando e reconstruindo um novo sentido de vida. O material produzido é vendido no próprio instituto e em feiras da cidade.
Para o diretor substituto do Instituto de Saúde Mental, Miles Forrest, aprender um ofício muda a dinâmica na família. “O paciente deixa de ser visto como doente e passa para ser visto como pessoa.”
Serviços oferecidos no Instituto de Saúde Mental da rede pública do DF
Com mais de 2 mil prontuários ativos, o instituto oferece serviços de:
- Acolhimento
- Acompanhamento psiquiátrico
- Programa de ressocialização
- Programa de geração de renda
- Atividades e oficinas terapêuticas
- Centro de convivência
- Plantão psicológico
- Visita domiciliar
O ambulatório do Instituto de Saúde Mental recebe 1,3 mil pacientes por mês, em média. Já o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) que também fica no local tem cerca de 80 atendimentos diários.
Os problemas mais recorrentes são depressão e transtornos de ansiedade, psicóticos (quando a pessoa perde o contato com a realidade e tem delírios e alucinações) e de bipolaridade.
1,3 mil
Quantidade média de pacientes atendidos por dia no ambulatório do Instituto de Saúde Mental, no Riacho Fundo I
Há casos em que a família do paciente é convidada a participar das atividades, de acordo com a gerente de Atenção à Saúde do instituto, Melissa Chaves Kern. “Muitas vezes, familiares também precisam de tratamento. Pode ser que o problema daquela pessoa venha de algum outro fator externo. É preciso analisar e ter esse apoio familiar”, explica.
Qualquer pessoa pode solicitar atendimento de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas, pelo telefone (61) 3399-3666. É preciso apresentar documentos como RG, comprovante de residência e, se tiver, encaminhamento médico e cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Instituto de Saúde Mental no Riacho Fundo I só recebe pacientes maiores de 18 anos, mas a rede de saúde do DF tem outras unidades de atendimento psicológico. A lista completa está no site da Secretaria de Saúde.
Saúde mental é foco da campanha Janeiro Branco
Criada em 2014, em Minas Gerais, a campanha Janeiro Branco chama a atenção para os cuidados com a saúde mental da população. A iniciativa ganhou peso nacional e tem apoio do governo de Brasília.
A psicóloga da Secretaria de Saúde Marina Fernandes Prado reforça a importância da ação. “Existe um aumento constante dos transtornos mentais, como depressão e ansiedade, principalmente em grandes metrópoles. É preciso ter esse momento de reflexão, repensar o modo de vida e dar mais atenção à saúde emocional”, defende.
Janeiro foi escolhido para a campanha por ser um marco de recomeço, assim como a cor branca, que simboliza uma folha de papel nova.
A campanha ainda visa tirar o estigma sobre os transtornos mentais, como o receio de procurar um psicólogo para conversar sobre alguma perda ou desconforto.
Melissa Kern, do Instituto de Saúde Mental, enfatiza: “O sofrimento humano não é frescura. É importante ter locais onde a gente possa conversar e ter apoio. E as pessoas precisam respeitar esse momento do outro”.
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