Hugo Motta resiste à instalação de CPI que pode apurar roubo aos aposentados envolvendo seu ex-assessor

Presidente da Câmara cita limitações regimentais para evitar CPI do INSS, que investigaria descontos ilegais ligados à Conafer, onde atuava Jerônimo Arlindo, o Júnior do Peixe

Da Redação

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem evitado autorizar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conhecidas como “Roubo dos Aposentados”. A CPI, proposta pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) com 185 assinaturas, apuraria descontos indevidos de R$ 6,3 bilhões em aposentadorias entre 2019 e 2024, incluindo R$ 484 milhões associados à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), onde Jerônimo Arlindo da Silva Júnior, conhecido como Júnior do Peixe, foi diretor. Arlindo atuou como secretário parlamentar de Motta entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, período em que também ocupava o cargo de diretor de Assuntos Institucionais da Conafer.

Motta argumenta que o regimento da Câmara permite apenas cinco CPIs simultâneas, e há 11 requerimentos na fila, o que impede a instalação imediata. Em conversas com o PL, ele sugeriu que a CPI poderia avançar se a oposição retirasse outros pedidos, segundo o UOL. Diante da resistência, a oposição protocolou um pedido de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que depende do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP).

A Conafer é a segunda entidade com maior volume de descontos no INSS, e documentos da Polícia Civil do DF mostram que Arlindo assinou ofícios em 2020 relacionados às fichas associativas enviadas ao INSS, foco das fraudes. Motta não comentou o caso, e Arlindo nega envolvimento com o esquema.