Presidente da Câmara acompanha Lula ao Japão e Vietnã, reforçando alinhamento com governo após jantar com Alexandre de Moraes

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), participará da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma viagem oficial ao Japão e ao Vietnã, com início previsto para esta semana, iniciando neste sábado (22). A inclusão de Motta no grupo ocorre dias após ele jantar na residência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na terça-feira (18), e proferir um discurso na quarta-feira (19) afirmando que, nos últimos 40 anos, o Brasil não registrou perseguição política por parte do Judiciário, nem presos ou exilados políticos.
A declaração foi feita durante sessão solene na Câmara em homenagem aos 40 anos da redemocratização, com a presença de ministros do STF, como Luís Roberto Barroso, e da ministra do Planejamento, Gleisi Hoffmann, representando o Executivo. “Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força, nem perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos”, disse Motta, em um contexto que contrasta com as reclamações de setores da oposição, que apontam prisões e exílios decorrentes dos atos de 8 de janeiro de 2023 e de investigações conduzidas pelo STF.
A viagem ao Japão e Vietnã, que inclui agendas econômicas e diplomáticas, marca a primeira missão internacional de Motta como presidente da Câmara ao lado de Lula desde sua eleição em fevereiro de 2025. O deputado, que assumiu o cargo com apoio de uma coalizão de 17 partidos, incluindo PT e PL, tem se aproximado do governo federal, apesar de críticas recentes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O jantar com Moraes, seguido da fala na Câmara, intensificou especulações sobre um alinhamento de Motta com o que opositores chamam de “consórcio” entre Executivo e Judiciário.
A comitiva deve discutir acordos comerciais e parcerias estratégicas no Japão, com destaque para a indústria tecnológica, e no Vietnã, focando em agricultura e infraestrutura. A presença de Motta alimenta debates sobre sua postura frente às pautas da oposição, como a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, que segue sem avanço na Câmara.

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