Presidente da Câmara recua da votação em plenário, mas mantém diálogo com líderes para buscar consenso; Malafaia chama Motta de “vergonha da Paraíba”
Da Redação
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu, nesta quinta-feira (24), não pautar o requerimento de urgência para o Projeto de Lei (PL) da Anistia, que propõe perdão aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada um dia após um jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes da Câmara na residência oficial de Motta, em Brasília, onde o tema foi amplamente discutido. A informação foi confirmada por aliados do parlamentar e publicada pelo portal Metrópoles.
O PL, defendido pelo Partido Liberal (PL) e apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, alcançou 262 assinaturas para tramitação urgente, o que permitiria sua votação direta no plenário sem passar por comissões. No entanto, Motta optou por adiar a análise, argumentando que a proposta ainda carece de consenso e poderia agravar tensões institucionais com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Executivo. Em postagem no Instagram, ele reforçou que decisões na Câmara devem ser tomadas em conjunto com o Colégio de Líderes, priorizando o interesse nacional.
Fontes próximas ao presidente da Câmara indicam que o jantar com Lula, que contou com a presença da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi decisivo para a mudança de rumo. Durante o encontro, o governo reiterou sua oposição à anistia ampla, embora tenha sinalizado abertura para discutir penas alternativas para crimes menos graves. Motta, que vinha negociando com Lula, Bolsonaro e o STF, propôs soluções como indultos presidenciais ou revisão de penas, mas Lula rejeitou qualquer medida que comprometa a punição aos líderes do 8 de janeiro.
A pressão bolsonarista, liderada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), cresceu nas últimas semanas, com críticas públicas de aliados como o pastor Silas Malafaia, que chamou Motta de “vergonha da Paraíba”. Por outro lado, o governo e o STF, por meio de ministros como Alexandre de Moraes, resistem à anistia, considerando-a uma ameaça à ordem democrática. O recuo de Motta também é visto como uma tentativa de evitar desgaste com o Planalto, com quem mantém relação próxima desde sua eleição à presidência da Câmara.
Embora a urgência não seja pautada agora, Motta prometeu uma reunião com líderes partidários após o feriado da Semana Santa para avaliar o tema, o que pode prolongar as negociações. A decisão frustra a oposição, que acusa o parlamentar de descumprir promessas feitas ao PL durante sua campanha à presidência da Câmara.
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