Os quatro ex-secretários do governo do Amazonas presos por suspeita de corrupção foram transferidos nesta quarta-feira (3) para o Centro de Detenção Provisória de Manaus II (CDPM II), unidade do sistema penitenciário estadual. Eles estão detidos desde o último domingo (31) e ficaram presos inicialmente na sede da Polícia Federal em Manaus.
Pedro Elias, Wilson Alecrim, Afonso Lobo e Evandro Melo são investigados em um inquérito que apura desvio de recursos da saúde pública no Amazonas. A transferência dos ex-secretários para o sistema penitenciário estadual estava prevista para ocorrer ontem (2), mas foi adiada por falta de efetivo da Polícia Federal para a escolta.
O ex-governador do estado José Melo permanece sob a custódia da Polícia Federal por determinação da Justiça, que analisa recursos da defesa. Ele também é acusado de desviar verbas da saúde pública. A defesa nega as acusações e considera que as denúncias estão baseadas em “fofocas de blogs”. A prisão temporária do ex-governador vence nesta quinta-feira (4).
A defesa do ex-secretário Afonso Lobo aguarda a conclusão do inquérito para se manifestar, mas também considera as acusações inverídicas. Lobo receberá acompanhamento médico em razão de aneurisma pré-existente e aumento da pressão arterial. A reportagem tentou contato com os advogados dos outros ex-secretários presos, mas não conseguiu retorno até a publicação desta reportagem.
Sindicância
A Secretaria de Administração Penitenciária abriu sindicância para apurar irregularidades na prisão do ex-governador José Melo. O órgão reconheceu que houve vazamento de imagens do ex-governador na Central de Recebimento e Triagem (CRT) da secretaria e na audiência de custódia, realizada no dia 26 de dezembro.
Dois funcionários da empresa de co-gestão do sistema prisional, a Umanizzare, assumiram a autoria do vazamento das fotos e a invasão ao banco de dados em que constam todas as imagens de presos que dão entrada no sistema prisional em Manaus. A administração penitenciária informou que avalia a possibilidade de instaurar um processo contra a empresa.
Segundo a Umanizzare, os dois funcionários já foram afastados e serão demitidos por justa causa. Em nota, a empresa afirmou que repudia a divulgação das imagens, uma vez que “a prática vai contra os princípios de atuação da empresa, suas normas e procedimentos e contra o treinamento realizado com os agentes de socialização”.
José Carlos Cavalcanti, advogado do ex-governador José Melo, repudiou a divulgação das fotos e apontou outras irregularidades na prisão, como a utilização de algemas. “As conduções do ex-governador sempre se deram de forma vexatória e constrangedora, sem a necessidade nenhuma de uso de algemas. Ele sempre foi conduzido algemado, inclusive quando foi levado à presença do juiz. Foi conduzido algemado um senhor de 72 anos, franzino, que não oferece resistência nenhuma, que sequer levanta a voz para as pessoas”, afirmou.
A secretaria disse que as algemas foram utilizadas para resguardar a vida e garantir a segurança do ex-governador, que apresentava sinais de depressão. Os agentes tinham receio de que José Melo atentasse contra a própria vida ou contra a integridade física da equipe de escolta. A defesa do ex-governador nega que ele tivesse essa intenção. Um relatório sobre as supostas irregularidades será apresentado em 30 dias.
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