Professores e alunos desenvolvem projetos e se unem para mostrar técnicas ambientais aos moradores da região. Pelas iniciativas, o Centro Educacional Agrourbano Ipê participou de prêmio em Abu Dhabi
Levar ensinamentos para fora dos muros da escola é o desafio do Centro Educacional Agrourbano Ipê, no Riacho Fundo II. O colégio reforçou a ideia de incluir a comunidade em ações sustentáveis após participar do prêmio Zayed Future Energy Prize, em janeiro, em Abu Dhabi.
A vice-diretora, Gedilene Lustosa, integrou o grupo que esteve na capital dos Emirados Árabes para apresentar as iniciativas do centro de ensino brasiliense. A viagem também permitiu conhecer técnicas desenvolvidas em outros lugares do mundo. “Tem uma escola no Paraguai que levou a luz solar para uma comunidade que antes não tinha energia”, conta.
No quintal do Centro Agrourbano Ipê há uma horta, um tanque de peixes e uma casa com bioconstrução. “Isso é para ser uma vitrine para a comunidade”, ressalta a docente.
Centro Educacional Agrourbano Ipê reaproveita água para irrigar os jardins
No colégio do Riacho Fundo II, o esgoto é tratado, e a água pode ser usada para irrigar o jardim ou até mesmo na descarga sanitária. “Não faz sentido a gente dar descarga em uma água limpa”, defende o professor de biologia Leonardo Teruyuki Hatano, um dos principais idealizadores das ações.
“Só de mostrar o tanque (de peixes), consigo ensinar o que é um plâncton, falar de cadeia alimentar, de micro-organismos”Leonardo Teruyuki Hatano, professor de biologia
A água que cai dos bebedouros quando os alunos a tomam também será reaproveitada. A escola está construindo um filtro para que o líquido possa ser usado para irrigar a horta.
O professor acredita que essa metodologia desperta o interesse dos alunos. “Só de mostrar o tanque, consigo ensinar o que é um plâncton, falar de cadeia alimentar, de micro-organismos.”
Para o aluno Odair Ferreira, de 18 anos, o método alternativo de ensino funcionou. “Não sou bom em decorar livros, mas me lembro do professor explicando sobre a morfologia das plantas aqui.”
O jovem foi escolhido pelo engajamento nas ações de sustentabilidade da escola para ir a Abu Dhabi representar os colegas. Agora, ele pensa em prestar vestibular neste ano para engenharia ambiental.
O Centro Educacional Agrourbano Ipê tem 560 alunos e fica no Combinado Agrourbano de Brasília I (Caub), local formado por vila urbana, chácaras e área de proteção ambiental.
Entre as ações do colégio estão:
- Agrofloresta: combinação de diferentes espécies arbóreas com cultivos agrícolas de forma simultânea. Na escola, já foram plantados: banana, batata-doce, cajuzinho-do-cerrado, ingá, mamão, jenipapo, mandioca e maracujá. A banana, por exemplo, foi consumida na merenda como ingrediente da farofa.
- Captação de água da chuva: feita por meio de um cano ligado a uma calha no teto da escola. A água é filtrada e levada ao tanque onde são criados peixes em sistema de aquoponia.
- Aquoponia: une a piscicultura (cultivo de peixes) e a hidroponia (cultivo de plantas sem o uso do solo, com as raízes submersas na água). No tanque, são produzidas tilápias com a água da chuva e plantas submersas. Elas, por sua vez, são alimentadas pelos minerais das fezes dos peixes.
- Tratamento de esgoto: como não há rede de esgoto na região, a água da fossa será tratada. A escola produziu um filtro de água cinza (para eliminar as substâncias químicas) e de carvão (para matar as bactérias). Parte do recurso filtrado será usada para regar as plantas, e parte será reaproveitada na descarga nos banheiros.
- Sala ecológica: a estrutura foi construída com a técnica superadobe, processo que utiliza sacos de polipropileno preenchidos com solo argiloso. O teto foi feito com caixas de leite recicladas. A sala é utilizada para ações extraclasse, como contação de histórias.
Centro Educacional Agrourbano Ipê no Fórum Mundial da Água
As ações farão com que a escola represente a Secretaria de Educação na Vila Cidadã do Fórum Mundial da Água, em março.
A vila ocupará uma área de 10 mil metros quadrados no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A entrada será gratuita, e os visitantes deverão se cadastrar no local ou, previamente, no site.
Inscrições para o fórum estão abertas
Quem quiser acompanhar os debates no Centro de Convenções pode se inscrever por meio do site oficial do evento, na aba Inscrições.
FÓRUM MUNDIAL
DA ÁGUA
Os ingressos dão direito à participação da abertura, do encerramento, das sessões do fórum, dos almoços e dos eventos culturais na exposição e na feira.
O segundo lote será vendido até 28 de fevereiro. Brasileiros e cidadãos de países que não integram a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico têm 50% de desconto no cadastro.
Estudantes, por sua vez, usufruem de abatimento de até 80% na adesão. A partir de 1º de março, começa a venda do terceiro lote de ingressos.
O que é o Fórum Mundial da Água
Criado em 1996 pelo Conselho Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos.
Em Brasília, é organizado pelo Conselho Mundial da Água, pelo governo local — representado pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) — e pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio da Agência Nacional das Águas (ANA).
O evento ocorre a cada três anos e já passou por: Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997).
8º Fórum Mundial da Água
De 18 a 23 de março
No Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
Inscrições abertas no site oficial do evento
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