Lugares que antes não tinham a estratégia, como a Vila Planalto, hoje focam no atendimento integral ao paciente
Jaqueline Lopes, de 38 anos, vive na Vila Planalto há 14 anos e não tinha recebido ainda visita em casa para tratar da saúde. Para ela, ter os hábitos e o local onde mora analisados é algo novo, que inspira confiança. “Eu os vejo como amigos. O posto é a extensão da minha casa, minha família.”
Por outro lado, Hélia Souza, enfermeira que integra a equipe de saúde da famíliaresponsável pela dona de casa, avalia que os ganhos não são só de quem está sendo atendido. “Antes, eu ficava na unidade e esperava o paciente vir. Hoje eu vou até ele, conheço a história, a realidade.”
Além de se sentir mais valorizada, a profissional acredita que saber o histórico do paciente e entender detalhes como a renda familiar e as condições de saneamento básico ajudam a prestar um cuidado integral.
“Às vezes, o médico passava a receita para a Jaqueline. Ela chegava à consulta seguinte e não tinha comprado o remédio. Isso pode ser interpretado como má vontade ou até negligência, mas, hoje, conhecendo a realidade dela, a gente entende o motivo”, exemplifica a servidora.
Além da Vila Planalto, outras cidades que integram a Região Centro-Norte de Saúde estão completamente atendidas, como o Cruzeiro e o Varjão
Até o ano passado, nenhuma família da Vila Planalto tinha o atendimento prestado com base na Estratégia Saúde da Família. Hoje, o local tem 100% de cobertura, com uma unidade básica de saúde (UBS) e quatro equipes de saúde da família.
A unidade já concluiu o reconhecimento do território e deve terminar nos próximos meses o cadastramento de toda a população. A partir dos perfis epidemiológicos definidos, o local consegue traçar uma linha de cuidado que atenda às necessidades específicas de cada grupo de moradores.
Além da Vila Planalto, outras cidades que integram a Região Centro-Norte de Saúde estão completamente atendidas, como o Cruzeiro e o Varjão. Essa última teve o maior salto, passando a contar com capacidade de cerca de 106%. Ou seja, há possibilidade de atendimento a uma população maior que a atual.
Ceilândia tem a maior cobertura populacional
Em Ceilândia, por exemplo, a região mais populosa do DF, o trabalho agora é para atingir a meta de 70% de cobertura. Atualmente, são 62%, com 70 equipes que trabalham na Estratégia Saúde da Família.
Em termos de habitantes, a cidade obteve a maior cobertura. Em fevereiro de 2017, quando o processo de conversão para o novo modelo começou, 95.514 moradores tinham o atendimento de uma equipe de saúde da família. Neste mês, mais de 200 mil pessoas são beneficiadas.
Das 15 unidades básicas de saúde do lugar, apenas duas (UBS 3 e UBS 5) ainda não foram convertidas para funcionarem exclusivamente com a nova metodologia. As outras 13 estão adequando o processo de trabalho para a realidade local.
“Todas as unidades vão avaliar a cobertura de todo o território, avaliar o impacto da população vulnerável nesse território e a possível necessidade de composição de novas equipes”, exemplifica o diretor de Atenção Primária da Região de Saúde Oeste, Luiz Henrique Mota.
Uma delas é a UBS 2, que agora se organiza para aperfeiçoar o acolhimento dos pacientes e estreitar o vínculo com a população de seu território.
Em novembro, o espaço ainda teve o horário de atendimento ampliado para das 7 às 19 horas de segunda a sexta-feira e passou a funcionar aos sábados, das 7 horas ao meio-dia. “Tudo isso não significa melhoria imediata de serviço, mas ajusta a assistência que será prestada à população cada vez com maior qualidade.”
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