Eleições 2026 na Paraíba: esquerda em derrota, centrão favorito e direita corre por fora

Divisão da base governista e fortalecimento do centrão colocam esquerda em xeque, mas direita pode surpreender

As eleições de 2026 na Paraíba prometem um cenário de reviravoltas, com a esquerda enfrentando a perspectiva de uma derrota significativa, o centrão emergindo como favorito e a direita, embora correndo por fora, ganhando terreno em um estado historicamente dividido. A base governista do governador João Azevêdo (PSB), que inclui o PT e aliados de esquerda, está fragmentada por disputas internas, enquanto partidos do centrão, como Republicanos e PP, dominam as articulações. A oposição de direita, liderada por nomes como Romero Rodrigues (Podemos) e Efraim Filho (União Brasil), aposta no antipetismo e no bolsonarismo para virar o jogo. Mas o que sustenta essa previsão?

A esquerda paraibana, representada pelo PSB de Azevêdo e pelo PT, enfrenta um declínio que ecoa o cenário nacional. O PT, que venceu com Lula em 2022 (66,62% na Paraíba), não conseguiu capitalizar esse apoio nas municipais de 2024, elegendo apenas um prefeito em 223 municípios, contra 69 do PSB e 50 do Republicanos. A falta de unidade é gritante: o grupo de Ricardo Coutinho, ex-governador petista, rejeita apoiar Azevêdo, enquanto o PSB foca em manter o governo com candidatos como Lucas Ribeiro (PP) ou Cícero Lucena (PP). “O PT não tem indicativo claro para 2026 e deve seguir a direção nacional”, diz uma fonte do partido, sugerindo um apoio protocolar a Azevêdo, mas sem entusiasmo.

A desaprovação de Lula, que atingiu mais de 50%, e polêmicas como sua fala sobre o Ramal do Apodi (“Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia trazer”) afastam eleitores conservadores, especialmente no interior. A esquerda, que depende da máquina estadual, vê sua influência minguar frente à fragmentação da base governista, com Cícero (21,1%), Lucas (5%), Adriano Galdino (5,9%), e Hugo Motta (6,5%) disputando a sucessão (ANOVA/PB Agora, 07/04/2025). Azevêdo, provável candidato ao Senado, tenta unir o grupo, mas “o racha é inevitável” diante de ambições conflitantes.

Centrão favorito

O centrão, liderado por Republicanos e PP, é o grande favorito para 2026 na Paraíba, consolidado pelas vitórias municipais de 2024. O Republicanos de Hugo Motta elegeu 50 prefeitos, com força no sertão, enquanto o PP, de Cícero e Lucas, dominou em João Pessoa e outras cidades-chave. A força do centrão reflete sua capacidade de articular alianças pragmáticas, como a federação PP-União Brasil, que reúne 108 deputados e R$ 1 bilhão em fundo eleitoral. Adriano Galdino, presidente da ALPB, reforçou o apoio a Motta, destacando o “movimento espontâneo” de adesivos pró-Motta, mas mantém sua pré-candidatura, sinalizando a força do Republicanos.

Hugo Motta, presidente da Câmara, é um trunfo do centrão, mas sua associação com Lula e Alexandre de Moraes pode custar votos conservadores. Cícero Lucena, com alta popularidade, é a aposta mais segura, mas sua eventual renúncia à prefeitura em 2026 é incerta. Lucas Ribeiro, jovem e alinhado a Azevêdo, cresce, mas falta-lhe o cacife de Cícero ou Galdino. O centrão, com sua habilidade de negociar com a esquerda e a direita, como visto na vitória nacional em 73% das prefeituras em 2024, tem a vantagem, mas precisa resolver a divisão interna para não dispersar votos.

A direita, embora em segundo plano, não pode ser subestimada. Romero Rodrigues (Podemos) Pedro Cunha Lima (PSD), Efraim Filho (União) e Cabo Gilberto Silva (PL) são as maiores forças. Ainda cocita-se o nome de Bruno Cunha Lima (União), prefeito de Campina Grande. O bolsonarismo, que cresceu na Paraíba em 2022 (33,38% para Bolsonaro), capitaliza o antipetismo e a rejeição ao STF, reforçada por casos como o “Julgamento de Débora”. Efraim, que não descarta apoiar Motta, articula uma coalizão moderada, enquanto Romero, aposta na rejeição à base governista. Cabo Patrício, alinhado ao PL de Marcelo Queiroga, mira eleitores conservadores, mas enfrenta resistência em um estado onde Lula ainda tem apelo.

A direita se beneficia da fragmentação da esquerda e da base de Azevêdo. A vitória de Bruno Cunha Lima em 2024 fortaleceu a oposição, que planeja definir um candidato único ainda em 2025. Nacionalmente, a ascensão de nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para 2026, inspira a direita paraibana a adotar um tom mais moderado, como sugere o fortalecimento do Partido Novo. Se a esquerda colapsar e o centrão se dividir, a direita pode surpreender, especialmente com 52,3% de indecisos (ANOVA, 07/04/2025).

Por que a esquerda deve perder?

A derrota da esquerda em 2026 é provável por três fatores: 1) a divisão da base governista, com múltiplos candidatos diluindo votos; 2) a queda de popularidade de Lula, que enfraquece o PT e aliados; e 3) a força do centrão, que domina prefeituras e recursos. O PSB de Azevêdo, embora vitorioso em 2024, não tem um nome unificador, e o PT, rachado, não apresenta alternativa viável. A direita, correndo por fora, pode capitalizar se a oposição unificar sua chapa, como defende Pedro Cunha Lima: “Antecedência é estratégica”.

Azevêdo enfrenta uma missão quase impossível para unir sua base, e o racha, como previsto, pode selar o destino da esquerda. Em um estado onde a política é um tabuleiro de alianças frágeis, 2026 será definido por quem souber jogar melhor com os indecisos.

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