Dois brasileiros, bolsistas do Programa Ciências sem Fronteiras, vivem no momento a expectativa de aprofundar seus conhecimentos na área espacial. Gabriel Militão e Flávio Maximiano foram indicados pela Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTIC) e selecionados pelo AMES Research Center (ARC), para fazer um estágio de verão na agência espacial norte americana, a Nasa, uma das agências espaciais mais conceituadas do mundo.
Estudantes de Engenharia da Computação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmente vivem em Ithaca, no estado de Nova York. A cidade com 29,287 mil habitantes é formada basicamente por jovens do mundo inteiro que estudam na Universidade de Cornell, uma das mais prestigiadas do nordeste dos EUA. De lá já saíram 43 alunos agraciados com o Prêmio Nobel.
Muito empolgados com a nova oportunidade, os dois universitários paulistas, de Rio Claro e Sorocaba, iniciam no dia 4 de junho deste ano uma nova etapa em suas vidas, o estágio de verão na Nasa. Lá eles irão desenvolver projetos diferentes. Flávio vai trabalhar com análise e banco de dados, e Gabriel com a plataforma World Wind para visualização 3D do globo, no plano virtual.
Segundo Flávio, a Nasa também cuida da segurança da aviação, então todos os problemas referentes ao setor são enviados em forma de relatórios para a agência. “A ideia do meu projeto é entender como a natureza desses relatórios muda com o tempo, e de que forma eles chegam aqui. Vou fazer análise desses dados para evitar futuros acidentes de aviação. Nunca trabalhei com esse assunto, mas estou aprendendo um pouco, e quem sabe será o meu caminho”, ressaltou o estudante.
Gabriel explica a similaridade entre as plataformas do Google e a que ele vai trabalhar na Nasa. “Muitas pessoas já devem conhecer um programa que você pode ver o mundo inteiro pela visão de satélites. A Nasa tem o World Wind, totalmente aberto, onde qualquer pessoa pode desenvolver um software com base nos dados dela”, disse.
Experiência – Ao voltar para o Brasil, além de repassar os conhecimentos adquiridos no Ciências sem Fronteira, Flávio e Gabriel também trarão na bagagem as informações assimiladas na Nasa. Para Flávio, segurança em aviação é algo muito importante para o Brasil, mas como ele não definiu ainda que área vai seguir, os ensinamentos tanto podem ser aplicados no setor espacial como em outros campos, principalmente pela instituição desenvolver projetos em áreas distintas.
“Acho que não necessariamente vamos aplicar tudo que aprendemos. Para mim vai ser uma experiência desafiadora, com especialistas da Nasa e gente do mundo inteiro. Vamos entender um pouco a forma como eles pensam, o ambiente da agência e o que faz a Nasa ter um programa espacial tão bem-sucedido. Queremos trazer todo esse now how para o Brasil”, afirmou o paulista de Rio Claro, Gabriel Militão.
Fã da área espacial, Flávio disse ter muito interesse nas notícias referentes ao assunto. “Desde o ensino médio, sempre achei que poderia ser um caminho a seguir. Aqui na universidade de Cornell pude optar pela disciplina de astronomia”, ressaltou. Já Gabriel nunca imaginou fazer algo parecido, mas participou em 2011 da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), no Brasil, coordenada pela AEB, quando conquistou a medalha de prata.
Desafios – Os dois estudantes destacaram as preocupações deles com o estágio, e pediram sugestões bibliográficas aos seus mentores em Cornell, porém esses descartaram o pedido e optaram por sugerir alguns exercícios mentais, ou seja, trabalhar maneiras de pensar fora do senso comum. Gabriel diz estar motivado e preparado para o novo desafio em sua vida, assim como também o colega Flávio.
“Meu projeto apesar de ser interessante, não é simplesmente um programa para ser usado pelas pessoas. É um projeto em que elas utilizam e visualizam seus dados e sentem se podem tirar conclusões a partir deles. Eu gosto da ideia de construir algo, não necessariamente com fins lucrativos, mas para ajudar as pessoas”, afirmou Flávio.
A mensagem que os dois estudantes deixam para os brasileiros é a seguinte: “aproveitem bastante seu tempo, para os americanos tempo é dinheiro, aqui ninguém pode perdê-lo, as aulas são intensas e as pessoas dão muito valor a ele”, destacaram Flávio e Gabriel.
Para eles, intercâmbio exige dedicação, “é difícil sair do país e encontrar uma cultura completamente diferente, mas vale à pena. Aqui as aulas são mais curtas, mas tem muita ajuda, algumas matérias têm até 20 monitores, tem atendimento o tempo todo. O Ciência sem Fronteiras é um programa que recomendo aos estudantes”, concluiu Gabriel.
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