Declaração do presidente da Câmara ao lado de Barroso, após jantar com Moraes, provoca críticas por negar censura e perseguição nos últimos 40 anos
Da Redação
O discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), realizado na quarta-feira (19), durante sessão solene em homenagem aos 40 anos da redemocratização, gerou forte reação no meio político. Ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, Motta afirmou que, nos últimos 40 anos, o Brasil não registrou “jornais censurados, vozes caladas, perseguição política, nem presos ou exilados políticos”, além de negar a existência de “crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais”. A fala ocorreu um dia após um jantar na residência do ministro Alexandre de Moraes, com a presença de outros integrantes do STF.
A declaração foi recebida com críticas por parlamentares e lideranças, especialmente da oposição ao governo Lula, que apontaram contradições com eventos recentes. O timing do discurso, logo após o encontro com Moraes e no mesmo dia em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou sua licença para permanecer nos EUA alegando perseguição, intensificou as reações. A sessão solene, que celebrou a posse de José Sarney em 1985 como marco da redemocratização, contou ainda com a presença dos ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, além da ministra Gleisi Hoffmann, representando o Executivo.
A repercussão negativa se espalhou entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que destacaram os 265 condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e as investigações em curso como evidências de prisões políticas. O jantar com Moraes, visto como figura central nas ações contra bolsonaristas, alimentou especulações de alinhamento entre Motta e o STF, apesar de seu apoio inicial ter vindo de uma coalizão que incluía o PL.
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