Longas com Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães e Larissa Manuela serão projetados no Morro Dois Irmãos; clips musicais, curtas e outros conteúdos também serão exibidos
A favela da Rocinha vai ser palco de um evento que traduz sua potência criativa e diversa, o “Projeta Rocinha”. De 22 a 24 de janeiro, o Morro Dois Irmãos ganhará uma projeção com dimensões espetaculares – equivalente a meio quilômetro ou cinco edifícios de 18 andares lado a lado – e exibirá longas, curtas, clipes, mensagens e intervenções poéticas para um público que pode chegar a 100 mil pessoas, moradores ou não da favela. Sem aglomeração e sem sair de casa, toda a comunidade vai poder participar do evento. Os moradores poderão assistir às projeções de suas lajes e janelas e receberão o som de cada uma via streaming e com apoio da rádio comunitária local.
Organizado pela Dona Rosa Filmes, da produtora Mariana Marinho, e correalizado pela Casa de Cultura da Rocinha, presidida por Maurício Soca – morador e produtor cultural da Rocinha – o evento terá projeção da Visual Farm, estúdio especializado que concebe e realiza espaços narrativos com uso intensivo de tecnologia.
O patrocínio é da Cerveja Antarctica e o projeto conta com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ), Riofilme, da Downtown Filmes, Canal Brasil, da Associação de Moradores da Rocinha, do Portal das Favelas, da 27ª Região Administrativa da Rocinha e da Prefeitura do Rio de Janeiro, da Rádio Comunitária da Rocinha, dos Coletivos Produções Audiovisuais Rocywood e Mulheres em Evidência, da Visual Farm e do SICAV – Sindicato da Indústria Audiovisual.
O projeto do evento foi desenvolvido com o reencontro de Mariana Marinho e Maurício Soca, com a intenção de mostrar a força e a potência da maior favela da América Latina. Assim, artistas e moradores da favela estão participando ativamente da curadoria do evento. Com a pandemia do Coronavírus em 2020 e a imposição do distanciamento prolongado, veio também a preocupação com a saúde – tanto física quanto emocional dos moradores – e a ideia de oferecer arte como respiro, abrindo o início do novo ano.
“Trazer a força e a grandeza do evento, transmitir o conceito de uma nova experiência nunca vivenciada antes. O evento tem o caráter divertido de um festival, mas ao mesmo tempo é empoderador, dando força à cultura, às minorias, à geografia do local, às ações e aos movimentos culturais já existentes na favela. Os 100 mil moradores da Rocinha viverão a experiência de presenciar a projeção na maior tela de cinema já realizada, assistindo a conteúdos afirmativos que surgiram do vulcão de criatividade e atitude da própria Favela, a vida que reluz na Rocinha”- diz Mariana Marinho, diretora e coordenadora-geral do evento.
Maurício Soca, correalizador do evento através da Casa de Cultura da Rocinha, relembra: a ideia surgiu há cerca de seis anos, mas estava adormecida pois precisava de parcerias que entendessem a grandiosidade do projeto. E nesse momento de reclusão, o Projeta Rocinha chegou na hora certa para levar ao morador cultura, arte, conhecimento, saúde, nostalgia e diversão para a nossa vida cotidiana. O Projeta Rocinha deixou de ser uma idealização minha, de Alexis, de Marianas ou de qualquer mortal… O Projeta transcende as barreiras que envolvem o planeta neste momento de transição e evolução. Afinal… o homem perece, mas a arte permanece e cura.
A PROGRAMAÇÃO
Longas e curtas-metragens de sucesso, clipes musicais, intervenções poéticas e mensagens de saúde pública relacionadas à prevenção da pandemia (#vacinajá) fazem parte da programação dos três dias do evento, que acontecerá de 22 a 24 de janeiro, de sexta-feira a domingo, sempre com início às 19h.
Num ato de afirmação da importância do cinema nacional, os três longas-metragens a serem exibidos são grandes sucessos de público, somando cerca de 14 milhões de espectadores. São eles: “Minha Mãe é uma Peça 3”, de Susana Garcia, que levou mais de nove milhões de pessoas ao cinema em 2019; “Fala sério, Mãe!”, de Pedro Vasconcelos, com as atrizes Ingrid Guimarães e Larissa Manoela, baseado no livro da escritora Thalita Rebouças, e “Gonzaga: De pai para filho”, de Breno Silveira, ganhador do prêmio de melhor filme no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, e escolhido por representantes e artistas da comunidade, dialogando com a origem pernambucana e nordestina de grande parte dela.
Os longas serão antecedidos por curtas-metragens e clipes musicais que tiveram curadoria artística de Mônica Nêga. Os curta selecionados são “Janelas Daqui”, de Luciano Vidigal, realizado durante a pandemia, abordando os impactos da Covid; “Lá do Alto”, também de Luciano Vidigal, filmado no Dois Irmãos; “A fábula da Vó Ita”, de Joyce Prado e Thalita Oshiro, que aborda a importância do cabelo crespo; “Alma Crespa”, de Paulo China e Rebecca Joviano, sobre o feminismo negro; “O Pião”, de Karina Mello, uma fábula sobre a perda, a saudade e o sentimento de amor; “Rã”, de Ana Flávia Cavalcanti e Julia Zakia, que fala sobre união, afeto e coletividade; “Lé com Cré”, de Cassandra Reis, sobre coisas de menino & menina contados por crianças, “Como Ser Racista em 10 Passos”, de Isabela Ferreira, que traz à tona e confronta o racismo estrutural velado; “Penso logo falo”, de Bia Oliveira; um registro emocional do desejo de liberdade e igualdade e “Flor da Pele, também de Bia Oliveira, com o desabafo de uma jovem sobre o preconceito.
Completando a programação, clipes musicais de artistas diversos vão encher a tela e ninguém vai ficar parado. Já estão confirmados “Pra dizer adeus”, “Sonífera ilha” e “Enquanto houver sol”, dos Titãs; “De ontem”, Liniker e os Caramelows; “Náufrago”, de Majur; “Fica em casa”, de Marília Coelho; e “Who’s that boy?” e “Te ligo e vc não atende”, de Luthuly.
A PROJEÇÃO
O Morro Dois Irmãos terá a maior projeção de cinema já realizada, concebida pela Visual Farm, estúdio de ponta que cria e realiza espaços narrativos com uso intensivo de tecnologia. A produção brasileira de sucesso estará refletida na pedra em dimensões espetaculares: 50 metros de altura por 90 de largura. Para se ter uma ideia, a maior tela de cinema do mundo, da rede Imax, na Alemanha, tem 38 metros de largura e é maior que um Boeing 737. Assim, o “Projeta Rocinha” traz uma “tela” do tamanho de pelo menos dois desses aviões.
MENSAGENS
A projeção também terá um conteúdo com mensagens importantes relativas à prevenção e cuidados de saúde pública diante da pandemia, além de informações que ressaltem a potência e diversidade cultural da Rocinha. O “Projeta Rocinha” conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Psicanálise e a Psilax.
APOIO DE ARTISTAS E DA COMUNIDADE DA ROCINHA
O evento conta com apoio de nomes de artistas que têm relação com a comunidade como Gilberto Gil, Evandro Mesquita e Tony Belloto e Malu Mader, Dudu Azevedo, Babu Santana, Evandro Mesquita, Jonathan Azevedo, Danrley Ferreira, Cidinho (Eu só quero é ser feliz), Luthuli Ayodelle, Victor Sarro.
Dona Rosa Filmes
Criada em 2001 por Marco Abujamra e Mariana Marinho, a Dona Rosa foi responsável pela produção de oito longas-metragens, entre documentários e ficções, além de programas para TV, a mostra de cinema “África Hoje” (65 documentários africanos inéditos exibidos nos cinemas e na TV brasileira, em 3 edições) e o projeto “Velocidade Música”, realizado no Complexo do Alemão. Seus filmes participaram e foram premiados em alguns dos principais festivais nacionais, como Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Mostra de Tiradentes, Brasília, Recife, Gramado. No exterior, participou de mostras como Miami International Film Festival, IFFI, Womex, Lyon, entre muitas outras. Está em fase de lançamento do Longa “Júpiter”, com Rafael Vitti, Orã Figueiredo e Guta Stresser. Seu mais recente trabalho, o longa documental “Todas as Melodias”, sobre Luiz Melodia, integrou a Mostra São Paulo em 2020 e Mostra de Tiradentes em 2021. Em breve realiza duas coproduções internacionais (Dinamarca e Nova York) e uma comédia baseada na peça de Heloísa Pérrissé “E Foram Quase Felizes Para Sempre”.
Maurício Soca
Morador da favela da Rocinha há mais de 50 anos, Soca é ativista social, compositor e produtor cultural. Participou da gravação do clipe “They Don’t Care About us”, do cantor Michael Jackson, dirigido pelo cineasta Spike Lee; promoveu inúmeros eventos nacionais e internacionais dentro da comunidade, recebendo personalidades como o cantor Afrika Bambaataa, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, O Rappa e Marcelo D2. Também produziu o evento “Eu Amo Baile Funk” e é fundador da Casa de Cultura da Rocinha, hoje chamada de “Morro pela Arte”.
Serviço: Projeta Rocinha – de 22 a 24 de janeiro, às 19h Morro Dois Irmãos – Rio de Janeiro
Sinopses dos longas-metragens
Minha Mãe é uma Peça 3, de Susana Garcia
(Brasil, 2020, Ficção, Comédia, 1h51min, classificação 12 anos)
Sinopse: Dona Hermínia (Paulo Gustavo) enfrenta o desafio de se redescobrir e se reinventar porque seus filhos estão formando novas famílias. Essa supermãe vai ter que segurar a emoção para lidar com um novo cenário de vida: Marcelina (Mariana Xavier) está grávida e Juliano (Rodrigo Pandolfo) vai se casar. Dona Hermínia está mais ansiosa do que nunca! Para completar as confusões, Carlos Alberto (Herson Capri), seu ex-marido, que esteve sempre por perto, resolveu ficar ainda mais próximo. “Minha Mãe É Uma Peça 3” conta como a mãe mais divertida do Brasil reage a todas essas confusões.
Fala sério, Mãe!, de Pedro Vasconcellos
(Brasil, 2017, Comédia, 1h19min, classificação 10 anos)
Sinopse: Que ser mãe é padecer no paraíso todo mundo está cansado de ouvir. Mas… e os filhos? Será que eles também não sofrem sua dose de martírio nessa relação? Em “Fala Sério, Mãe!”, Angela Cristina (Ingrid Guimarães) e Malu (Larissa Manoela) vivem juntas esse aprendizado. Malu quer fazer tudo do seu jeito, enquanto a mãe não perde uma oportunidade de pagar mico. Mas Angela diz que Malu “não é todo mundo”, mesmo que as mães sejam todas iguais. Com muito humor, elas mostram que a relação mãe x filha vai do conflito à amizade, em uma intensa relação de cumplicidade. As habituais – e saudáveis – discordâncias entre mães e filhas são o ingrediente principal desse relato fiel e divertido da convivência, por vezes selvagem, entre criadora e criatura.
Gonzaga: De pai para filho, de Breno Silveira
(Brasil, 2012, Ficção, Drama, 2h, classificação 12 anos)
Sinopse: Um amor que se constrói no decorrer da vida. “Gonzaga – De pai pra filho” narra a trajetória de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, pai e filho que se encontram e se perdem muitas vezes até se conhecerem de verdade. É uma história de sentimentos tão intensos quanto controversos, de um desejo urgente de tentar a toda hora resgatar uma intimidade que só veio a existir momentos antes da despedida. A mesma música que os uniu e os consagrou também os distanciou. O pai põe o pé na estrada à procura do seu destino e deixa o menino ainda pequeno, órfão de mãe, para os padrinhos criarem no Morro de São Carlos. São inúmeros os desencontros. Mesmo assim, sempre que esse pai reaparece, faz brilhar os olhos do seu moleque. Um amor incondicional, embora contido. Mas verdadeiro, humano, e que se faz infinito.
Sinopses dos curtas-metragens
Janelas Daqui, de Luciano Vidigal e Arthur Sherman
(RJ, 2020, documentário)
Sinopse: Documentário poético sobre os impactos da Covid na Rocinha, realizado durante a pandemia.
Lá do Alto, de Luciano Vidigal
(RJ, 2016, 8min, Ficção, Drama, classificação livre)
Sinopse: Como cessar a dor silenciosa de uma criança que sente saudades de uma avó que morreu? Através do mundo lúdico infantil, imagens privilegiadas e singulares da cidade do Rio de Janeiro, vista do alto da favela do Vidigal, o filme vai mostrar a história de um menino sonhador que tenta convencer seu pai a se aventurar em conhecer o alto de uma pedra, que ele acredita ficar perto do céu, para poder se comunicar com sua avó que ele sente saudades…
A fábula da Vó Ita, de Joyce Prado e Thalita Oshiro
(SP, 2017, 5’25”, Ficção, Animação)
Sinopse: Gisa tem um cabelo cheio de vida e personalidade, mas seus colegas da escola vivem debochando dela por conta disso. Nesta fábula de fantasia e realidade contada entre panos e tecidos, Vó Ita envolve sua netinha Gisele para lhe mostrar a beleza das diferenças e o valor de sua própria identidade.
Alma Crespa, de Paulo China e Rebecca Joviano
(RJ, 2017, 5’25”, Ficção, Animação, classificação livre)
Sinopse: Iza tinha um sonho. o sonho de ser reconhecida pela sua alma e não pela sua cor.
O Pião, de Karina Mello
(SP, 2019, 15 min, Ficção, Drama, classificação livre)
Sinopse: Helena tem suas lembranças contadas pelas mãos de seu filho, através de um pião. A cada lançar do pião, Helena revive seus momentos em família, tentando lidar com a dor, com a perda e o amor que ainda sobrevive.
Rã, de Ana Flávia Cavalcanti e Julia Zakia
(SP, 2019, 15 min, Ficção, Drama, classificação livre)
Sinopse: Val e suas duas filhas vivem numa casa de 16 metros quadrados. Certa madrugada, mãe e filhas são subitamente acordadas com palmas e alguém chamando por Val no portão. A voz é de Neném Preto, amigo de Val e dono do mercadinho. No portão, Val ouve dele um estranho pedido: o de usar seu quintal para desovar uma exótica carga. Mãe de família, ela hesita, mas acaba cedendo.
Lé com Cré, de Cassandra Reis
(SP, 2018, 5’29”, Doc, Animação) – vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2019 Sinopse: Dinheiro, medo e coisas de menino & menina contados por algumas crianças de um jeito fofo e esquisito.
Como Ser Racista em 10 Passos, de Isabela Ferreira
(MT, 2018, 13″) – Melhor Ficção” pelo Júri Oficial da III Mostra de Cinema Negro e do júri popular da 17ª MAUAL (Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina
Sinopse: Curta provocativo que traz à tona e confronta o racismo estrutural velado, através de situações sensíveis, normalizadas e naturalizadas que serão facilmente identificadas pelo público. O filme mostra a realidade cotidiana de pessoas negras comumente afetadas pelo racismo enraizado, por atitudes que vão além do verbalmente dito. O racismo é real e precisa ser discutido.
Penso logo Falo, de Bia Oliveira
Filmado no auge da pandemia, a produção foi premiada no festival FFTG AWARDS
Sinopse: É um registro emocional do desejo de liberdade e igualdade tão sonhado pela humanidade.
Flor da Pele, de Bia Oliveira
Sinopse: Marca um desabafo, uma libertação de uma jovem – menina negra que sofre na pele as agruras do preconceito.
Redes Sociais
O evento conta com perfil no instagram @projetarocinha:
E também com perfil no facebook:
Ficha técnica da equipe principal do projeto
Realização: Dona Rosa Filmes
Correalização: Casa de Cultura da Rocinha
Direção e Coordenação Geral: Mariana Marinho
Idealização e Coordenação de Produção Local: Maurício Soca
Coordenação Técnica e Programação Visual: Mariana Rocha
Coordenação de Produção: Gisella Cardoso
Assistente de Produção Executiva: Ana Luiza Marquezini
Curadoria artística: Mônica Nêga
Produção Local: Nika Andrade
Patrocínio: Cerveja Antarctica
através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ)
Apoios:
Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC-RJ)
27ª Região Administrativa da Rocinha e Prefeitura do Rio de Janeiro
Riofilme
Downtown Filmes
Canal Brasil
Associação de Moradores da Rocinha
Portal das Favelas
27ª Região Administrativa da Rocinha e da Prefeitura do Rio de Janeiro
Rádio Comunitária da Rocinha
Coletivos Produções Audiovisuais Rocywood
Mulheres em Evidência
Visual Farm
SICAV – Sindicato da Indústria Audiovisual
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