Cícero Lucena não descarta disputar sucessão de João em 2026 expondo as fissuras da base governista

Prefeito de João Pessoa sinaliza candidatura ao governo e acirra concorrência com Lucas Ribeiro e Adriano Galdino

O cenário político da Paraíba para as eleições de 2026 ganha contornos mais complexos com a recente declaração do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), que, após elogiar o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) como o “melhor nome” para suceder João Azevêdo (PSB), agora abre a possibilidade de ele próprio disputar o Governo do Estado. “O momento certo vai chegar”, disse Cícero, em tom enigmático, deixando claro que sua longa trajetória política — com passagens como governador, senador e quatro mandatos na prefeitura da capital — pode culminar em uma nova candidatura majoritária. Caso se confirme, será mais um ingrediente para um racha na base governista, já dividida entre Lucas e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos).

Cícero, reeleito em 2024 com 63,91% dos votos, traz consigo uma bagagem de experiência e popularidade que o credenciam como um contender de peso. Sua mudança de discurso — de aval a Lucas para uma possível postulação própria — reflete uma articulação estratégica dentro do PP, que busca manter o protagonismo na sucessão de Azevêdo. Lucas Ribeiro, jovem vice-governador de 31 anos, conta com o apoio da mãe, a senadora Daniella Ribeiro (PP), e tem se destacado por projetos como o Polo Turístico Cabo Branco, mas pode ver sua ascensão desafiada por Cícero, um veterano com forte apelo eleitoral. Adriano Galdino, por sua vez, já carimbado pelo Republicanos como pré-candidato, aposta na força da maior bancada da ALPB e em sua relação com Azevêdo, mas a entrada de Cícero no páreo pode fragmentar ainda mais os votos da base.

Outro nome que perde força é o do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara dos Deputados. Eleito em 2025 com apoio de Lula (PT) e alinhado a decisões controversas do ministro Alexandre de Moraes (STF), como no julgamento de réus do 8 de janeiro, Motta vê sua imagem desgastada em um estado onde o antipetismo e a rejeição ao STF vem aumentando. A pesquisa CNT/MDA de fevereiro de 2025, com Lula em 55% de desaprovação, e a percepção de autoritarismo judicial ligada a Moraes podem respingar em Motta, enfraquecendo sua viabilidade entre eleitores conservadores e moderados da Paraíba.

Na oposição, o campo também está aquecido. Efraim Filho (União Brasil), senador e articulador experiente, aparece como um nome forte, e mantém diálogo aberto com figuras como Motta e o ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos). Pedro Cunha Lima (PSD) reforça a oposição com o peso da família Cunha Lima e uma postura crítica a Azevêdo, enquanto Cabo Gilberto (PL), alinhado ao bolsonarismo, emerge como outsider, capitalizando o eleitorado de direita que rejeita o lulismo e o establishment.

O racha na base governista, se concretizado, pode beneficiar a oposição em 2026. Cícero, com sua popularidade em João Pessoa, enfrentaria a necessidade de renunciar à prefeitura em abril de 2026 para concorrer, entregando o cargo ao vice, Léo Bezerra (PSB), o que exige cálculos precisos. Lucas, por outro lado, herdaria o governo caso Azevêdo saia para o Senado, consolidando-se como candidato à reeleição. Galdino, com o Republicanos em alta, dependeria da bênção do governador para unificar a base. Enquanto isso, a oposição assiste, pronta para explorar as fissuras. O “momento certo” de Cícero pode ser o estopim de uma guerra interna — ou a chave para uma vitória improvável.

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