Capacitação profissional realiza sonhos de quilombolas de Pedra D’água (PB)

Buscando oportunidade de geração de renda para mudar o cotidiano das mulheres da região, o SENAI, por meio do Centro de Inovação e Tecnologia Industrial (CITI) e em parceria com o Instituto Alpargatas, iniciou um curso de modelagem de vestuário para 13 quilombolas

Um local de difícil acesso, onde as oportunidades parecem distantes e a preocupação latente é a sobrevivência. Essas são algumas das dificuldades enfrentadas por quem mora no quilombo Pedra D’água, na região da cidade de Ingá, distante cerca de 50 km de Campina Grande. A área de terrenos íngremes abrange aproximadamente 132,4 hectares onde vivem 101 famílias remanescentes de quilombola, com cerca de 358 habitantes.

Buscando oportunidade de geração de renda para mudar o cotidiano das mulheres da região, o SENAI, por meio do Centro de Inovação e Tecnologia Industrial (CITI) e em parceria com o Instituto Alpargatas, iniciou um curso de modelagem de vestuário para 13 quilombolas.
 
Costureira acostumada a fazer concertos, Maria da Penha Gonçalves da Silva, de 29 anos, sempre teve vontade de avançar nos estudos. Além das dificuldades de acesso à escola, ela enfrentou também a resistência na família. Sem saber ao certo o que era modelagem, ela não pensou duas vezes ao se inscrever quando viu a oportunidade.
 
“É uma coisa assim gratificante, uma coisa boa, que veio em boa hora. Aqui no quilombo de Pedra D’água a gente não tinha muitas oportunidades, nem muitas chances, principalmente de participar de um curso desse. A comunidade da gente antigamente era muito esquecida, deixada de lado”, contou.

Maria da Penha Gonçalves da Silva, aluna do curso de modelagem de vestuário. Foto: Divulgação.

Maria da Penha teve seus sonhos adiados durante muito tempo e a oportunidade de voltar aos estudos com a realização do curso acabou reacendendo outros desejos, como de terminar os estudos e até cursar ensino superior. 
 
“Eu amo o que eu faço, tanto a costura como um dia poder entrar em uma universidade e poder cursar pedagogia. Esses são os meus sonhos e eu vou continuar lutando, eu sei que não vai ser fácil, obstáculo todo dia a gente tem, mas eu vou continuar lutando para que isso venha a acontecer”, disse.
 
Três vezes por semana as integrantes da comunidade se deslocavam do Quilombo para Campina Grande, em um ônibus da prefeitura da cidade de Ingá, para participarem do curso, que proporcionou novas perspectivas e oportunidades. Com 160 horas, o curso teve o equivalente a 2 meses e meio de duração. A certificação das alunas aconteceu no dia 18 de dezembro.

Com adesão forte, o gerente do Centro de Inovação de Tecnologia Industrial e Centro de Ações Móveis (CITICAM) do SENAI, Gustavo Andrade, identificou vocação nas mulheres quilombolas inscritas no curso. A maioria já havia realizado trabalho artesanal ou pequenos trabalhos de costura em casa, o que facilitou a aplicação direta para abrir possibilidades futuras.
 
“É importante lembrar também que está sendo feito em nosso estado e nossa região aqui de Campina Grande o investimento de um polo de moda e confecção, então, tudo o que eles aprenderem pode, futuramente, ser transformado em negócio”, ressaltou Gustavo.
 
Sobre a perspectiva para um novo curso, o gerente do Senai afirmou que foi estendida a parceria com o instituto Alpargatas e a prefeitura do Ingá, e que já existem vários cursos programados para este ano na área de alimentos, confecção e construção civil, para atender a essas comunidades. 

Fonte: Brasil 61

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