Brasil supera a Itália como 8ª economia do mundo. E, dai?

(Foto: UOL)

De que adianta estar entre os grandes com o desenvolvimento dos medíocres?

A equipe econômica do governo federal comemora com ufanismo a posição do Brasil entre as maiores economias do mundo, mas uma análise mais aprofundada dos indicadores de desenvolvimento revela uma realidade bem menos brilhante. Comparado a países como Canadá e Coreia do Sul, que ocupam a 9ª e 10ª posições entre as maiores economias globais, o Brasil apresenta graves deficiências em áreas cruciais como educação, distribuição de renda e saneamento básico.

Enquanto o Brasil ainda luta contra uma taxa de analfabetismo de aproximadamente 6,6% entre a população com 15 anos ou mais, Canadá e Coreia do Sul têm menos de 1% de sua população analfabeta. Esses números são um reflexo direto do investimento contínuo em sistemas educacionais de alta qualidade nesses países, contrastando com os desafios persistentes enfrentados pelo sistema educacional brasileiro.

A desigualdade de renda no Brasil é alarmante, com um coeficiente de Gini de 0,53. Em comparação, o Canadá e a Coreia do Sul possuem coeficientes de Gini de 0,32 e 0,34, respetivamente, indicando uma distribuição de renda significativamente mais equilibrada. Essa desigualdade extrema no Brasil ressalta a disparidade econômica que continua a crescer, mesmo com o país sendo uma das maiores economias do mundo. O coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade de renda, onde 0 representa perfeita igualdade e 1 representa máxima desigualdade.

A situação do saneamento básico no Brasil é igualmente preocupante. Apenas cerca de 50% da população brasileira tem acesso a serviços de coleta de esgoto, enquanto no Canadá e na Coreia do Sul, essa cobertura é praticamente total, atingindo 100% da população. Essa lacuna evidencia uma grave deficiência na infraestrutura básica do país.

Comparação com a Itália

Ao comparar o Brasil com a Itália, que é a 8ª maior economia do mundo, a discrepância se mantém. A Itália projeta um crescimento de 0,9% do PIB em 2024, atingindo aproximadamente 2,118 trilhões de dólares, um incremento de cerca de 18,9 bilhões de dólares em relação a 2023. No entanto, os indicadores sociais italianos, incluindo taxas de alfabetização, distribuição de renda e saneamento, continuam a superar os do Brasil por uma larga margem.

A celebração da posição do Brasil entre as maiores economias mundiais parece, portanto, desconexa da realidade vivida pela maioria dos brasileiros. Os indicadores sociais e de infraestrutura apontam para um desenvolvimento medíocre que não acompanha a grandiosidade econômica alardeada pelo governo. Enquanto o Brasil não enfrentar esses desafios de frente, continuará a ser uma grande economia com um desenvolvimento aquém das expectativas.

No dia que o Banco Central divulga em seu Relatório de Economia Bancária  lucro recorde dos bancos que somou R$ 144,2 bilhões em 2023, superando o também recorde histórico R$ 139 bilhões de 2022, é fácil entender que a taxa básica de juros da economia, acima dos dois dígitos, tem trabalhado forte para que esses patamares estratosféricos dos banqueiros brasileiros se mantenham independente da “bandeira” partidária que ocupe o Palácio do Planalto, afinal “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”.

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