Como parte da programação cultural dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, a Biblioteca Nacional inaugurou hoje (10) a exposição Alair Gomes, Muito Prazer, que oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer a diversidade da obra do artista e fotógrafo brasileiro, que ocupa atualmente um lugar de destaque no circuito da arte contemporânea. Com foco central no corpo masculino e no homoerotismo, a vasta produção de Alair Gomes (1921-1992) abrangeu também registros da vida urbana, da natureza e dos esportes, facetas que a mostra destaca em sete módulos, incluindo conjuntos fotográficos até hoje nunca exibidos ao grande público.
É a primeira vez que a Biblioteca Nacional expõe parte da coleção de Alair Gomes, a maior que a instituição possui em matéria de fotografia contemporânea. São 16 mil fotografias e 150 mil negativos doados em 1994 pelos herdeiros do artista e 30 mil páginas de manuscritos originais, cedidos pela irmã de Alair, Aila Gomes, em 2004.
Os manuscritos se referem às atividades acadêmicas e artísticas e à vida pessoal de Alair, abrangendo estudos sobre matemática, física, filosofia e arte, planos de aulas, correspondências, recortes de jornais, diários íntimos e impressos diversos. Nascido em Valença (RJ), ele se formou em 1944 em engenharia civil e elétrica pela então Universidade do Brasil, atual UFRJ. Dez anos depois, na busca por uma forma de expressão do amor homoerótico, iniciou a escrita de seus diários íntimos.
A paixão pela fotografia surgiu apenas em 1965, quando viajou pela Europa com uma máquina fotográfica Leica emprestada. Começou a fotografar compulsivamente, dando ênfase ao nu masculino em esculturas e pinturas inspiradas na tradição clássica.
“Ele mesmo definia sua obra como uma etnografia particular, na qual buscava a beleza masculina nos diversos aspectos de expressão dela. Dessa combinação de desejos nascem esses registros”, diz a curadora da mostra, Luciana Muniz. Ela ressalta que a dimensão da coleção de Alair pertencente ao acervo da biblioteca, “a maior de fotografia contemporânea dentro de uma instituição dedicada à memória”.
A exposição Alair Gomes, Muito Prazer, no Espaço Cultural Eliseu Visconti da biblioteca, fica em cartaz até 31 de outubro e pode ser vista de terça a sexta-feira, das 11h às 17h, e sábados, das 11h às 16h, com entrada franca e classificação indicativa de 14 anos. O acesso ao espaço cultural é pelos jardins da Biblioteca Nacional – Rua México, s/n, no centro do Rio.
Seja o primeiro a comentar on "Biblioteca Nacional expõe pela primeira vez coleção do fotógrafo Alair Gomes"