O atendimento especializado e criterioso a quem procura empregos na Estação da Cidadania, com vários serviços para pessoas com deficiência, tem garantido um resultado mais eficaz desde 2015.
Somente neste ano, até o fim de julho, 1.862 currículos foram enviados a empresas interessadas pela Gerência de Oportunidade de Trabalho, e 198 candidatos foram contratados. O número de currículos encaminhados está acima da quantidade entregue em todo o ano de 2014 — quando foram 1.472.
“Estamos procurando fazer um trabalho cada vez mais qualificado, mandando pessoas que tenham o perfil de cada vaga”, explica o chefe da Coordenação de Pessoa com Deficiência, Paulo Beck, da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Deficiente física há seis anos, Adriana Luiza de Jesus Costa passou algumas vezes pela gerência antes de ser contratada em seu atual emprego, uma multinacional que oferece serviços de telemarketing e informática. “Lá eu conheci outras pessoas com deficiência, e o atendimento é sempre muito atencioso. Isso me deu força para continuar.”
Adriana foi contratada por Felipe Medeiros Alves, de 21 anos, analista de recrutamento da empresa. Mesmo ela tendo sido reprovada em digitação no teste, o homem conta que viu o potencial da garota e a chamou para o trabalho. “Eu ia sair de férias e disse para ela fazer um curso para melhorar a digitação. Quando voltei ela estava se capacitando e hoje é uma das minhas melhores funcionárias”, conta, ao destacar que a colocou em uma das áreas mais difíceis.
É importante olhar além das limitações
Para ele, é imprescindível avaliar a fundo o perfil de cada candidato e olhar além de qualquer limitação. “A Adriana já tinha sido recusada em outros empregos, não estava acreditando no potencial que ela tinha, mas sempre teve força de vontade. Quero mais gente com o perfil dela na empresa.” O local está acima do estipulado em legislação para a contratação de pessoas com deficiência.
A moradora do Riacho Fundo, de 38 anos, só teve outro emprego antes desse depois de ter sofrido o acidente que a deixou em cadeira de rodas. “Eu lá tinha muita dificuldade, não me davam oportunidade e o local não era acessível”, disse. “Eu ser deficiente não significa nada. Posso conseguir o que eu quiser.”
Segundo a gerente de Oportunidade de Trabalho, a empresa que contratou Adriana é uma das parceiras do local. Felipe Medeiros envia, mensalmente, todas as vagas disponíveis na multinacional para Patrícia. Quando alguém do banco de dados é contratado ele passa informações de como a pessoa está se saindo. “Nossa relação não acaba na hora em que preencho a vaga. Eles, inclusive, visitam a empresa, checam se o ambiente é acessível”, conta o analista de recrutamento.
Triagem ajuda a definir perfil da vaga para cada candidato
O trabalho da atual gerência começou em fevereiro de 2015 e durou seis meses até ser completamente reestruturado. Os currículos foram atualizados, e a maneira como lidar com os candidatos também mudou. Além de deixar o documento, a pessoa passa por uma espécie de triagem, que determina o perfil do emprego que ela procura. Os dados são mantidos no cadastro do interessado e depois cruzados com o que as empresas procuram.
O atendimento da gerência é exclusivo para pessoas com deficiência. “Precisamos ter um olhar diferente e estar atentos a, por exemplo, onde é o trabalho e ao endereço do candidato”, detalha a gerente do setor, Patrícia Araújo Ávila. Segundo ela, o histórico dos interessados é arquivado, com os motivos pelos quais não quiseram determinada vaga ou não compareceram a uma entrevista, por exemplo.
A Estação da Cidadania funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, na Estação de Metrô da 112 Sul. O local é responsável pela articulação de políticas públicas para pessoas com deficiência em todas as áreas do governo e oferece ainda serviços como cadastro para a gratuidade no transporte público, apoio a deficientes cegos e intérprete de libras. Além da Gerência de Oportunidade de Trabalho, o local também tem uma unidade da Agência do Trabalhador. A Lei n° 8.213, de 1991, determina que empresas com cem ou mais empregados é obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas, na seguinte proporção.
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