Segundo Federação Israelita do Estado de SP, escolas estão entre os focos de ataques contra judeus no Brasil
A partir de 18 de fevereiro, quando o presidente Lula fez uma comparação entre os atos de Israel na guerra contra o Hamas ao Holocausto contra os judeus, a intensidade de ataques antissemitas no Brasil, que já vinham acontecendo com mais força desde 07 de outubro, ganharam um novo pico.
De acordo com dados do Departamento de Segurança Comunitária (DSC) da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), a partir da fala do mandatário houve um salto de 241% no volume de denúncias recebidas pelo canal de comunicação da entidade – na semana anterior foram contabilizados 46 relatos e nos quatro dias após a declaração, ocorreram 157 denúncias. Desse total de queixas, a maioria foi realizada através das redes sociais e mensagens em grupos de WhatsApp. Ocorreram ainda registros de agressões verbais contra alunos judeus em ambiente escolar e universitário.
Para Marcos Knobel, presidente da Fisesp, a fala de Lula jogou lenha em uma ‘fogueira já muito acesa’. “A afirmação feita pelo presidente fez uma perversa distorção da realidade, pois estamos vivendo uma onda de ataques antissemitas desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro e isso ganhou ainda mais força após a declaração. Os judeus no Brasil estão sendo atacados em qualquer lugar. Inclusive quatro dessas denúncias são extremamente preocupantes, pois são de jovens em idade escolar que sofreram ataques dentro das instituições de ensino onde estudam, o que coloca a sua segurança em jogo. O Brasil deveria ter um compromisso mais tangível com a paz”, afirmou.
Crise diplomática
No domindo, 18/02, durante um encontro na União Africana na Etiópia, Lula traçou um paralelo entre a guerra de Israel contra o Hamas e o Holocausto, quando seis milhões de judeus foram exterminados pelos nazistas. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou.
Em resposta, o governo de Benjamin Netanyahu declarou Lula como “persona non grata”. Na diplomacia, a expressão se aplica a um representante estrangeiro que não é mais bem-vindo em missões oficiais em determinado país.
Em discurso, Netanyahu afirmou que Lula agiu como antissemita. “Ao comparar a guerra de Israel em Gaza contra o Hamas, uma organização terrorista genocida, ao Holocausto, o Presidente Da Silva desrespeitou a memória de 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas, e demonizou o Estado Judeu como o mais virulento antissemita, o que é inaceitável”.
Registros de denúncias
Ainda de acordo com dados do DSC / Fisesp, janeiro e fevereiro de 2024 registram 515 casos de antissemitismo, chegando a quase um terço do total de denúncias do ano passado (1.565). Ante 2022, os dois primeiros meses deste ano já superam a marca de 398 denúncias.
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