Antônio Barros: o adeus a um ícone da música nordestina aos 95 anos

Cantor e compositor paraibano deixa legado de mais de 700 obras que eternizaram a cultura do Nordeste brasileiro

Da Redação

O Brasil perdeu neste domingo, 6 de abril de 2025, um dos maiores expoentes da música nordestina: o cantor e compositor Antônio Barros, que faleceu aos 95 anos em João Pessoa, Paraíba. Conhecido por sua parceria com Cecéu na célebre dupla Antônio Barros e Cecéu, ele deixa um legado de mais de 700 composições que atravessaram gerações e imortalizaram as raízes culturais do Nordeste nas vozes de gigantes como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e Ney Matogrosso. A morte de Barros, confirmada por familiares e noticiada em posts no X, marca o fim de uma era para o forró e a música popular brasileira.

Nascido em Queimadas (PB) em 1929, Antônio Barros começou sua carreira nos anos 1950, destacando-se como um dos pilares do forró tradicional. Suas letras, repletas de poesia simples e imagens do cotidiano nordestino, conquistaram o Brasil com clássicos como “O Xote das Meninas”, “Forró em Limoeiro” e “A Vida do Viajante” — esta última eternizada por Luiz Gonzaga. Ao lado de Cecéu, ele formou uma dupla que, entre as décadas de 1960 e 1980, levou o som do acordeão e do zabumba a rádios e festas, traduzindo a alma do sertão em melodias dançantes e emocionantes. “Antônio Barros foi um retratista do nosso povo”, lamentou um usuário no X, ecoando o sentimento de perda.

A trajetória de Barros não se limitou à dupla. Suas composições ganharam novas interpretações com artistas como Elba Ramalho, que gravou “Olha pro Céu” em 1981, e Ney Matogrosso, com releituras que trouxeram o forró ao público urbano. Mesmo após a morte de Cecéu em 1988, ele seguiu compondo e se apresentando, mantendo viva a chama da música nordestina até seus últimos anos. Sua obra, que mistura romantismo e resistência cultural, reflete um Nordeste orgulhoso e resiliente, como já exaltado por nomes como Ariano Suassuna e Alceu Valença em reflexões sobre a identidade regional.

A causa da morte não foi oficialmente detalhada até o momento, mas a idade avançada sugere uma despedida natural de um artista que viveu intensamente sua arte. A cultura paraibana, como destacou o jornalista Ruy Carneiro em um post no X, perde “um dos seus maiores ícones”, enquanto fãs e admiradores celebram um legado que transcende o tempo. Em um país onde o governo Lula gasta bilhões em publicidade (R$ 3,5 bi previstos para 2025) e o Judiciário enfrenta críticas por decisões como a do “Julgamento de Débora”, a partida de Barros é um lembrete da força da cultura popular como contraponto às turbulências políticas.

Antônio Barros deixa esposa, filhos e um vazio no coração do Nordeste. Sua música, porém, permanece — um hino à simplicidade e à alegria de um povo que, como ele cantou, sabe transformar saudade em versos e dança. Que descanse em paz, ao som do xote que ele tão bem soube entoar.

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