Novo ministro da Secom enfrenta a árdua tarefa de convencer o brasileiro de que sua realidade não é tão ruim quanto parece, uma missão comparada a vender um Marea turbo como um carro ideal
Sidônio Palmeira, recém-nomeado ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, assume um cargo que muitos consideram ser um dos mais importantes politicamente do governo Lula. Sua missão é tentar inverter a percepção pública sobre a gestão do presidente, em um contexto onde a realidade vivida pelo brasileiro parece estar em descompasso com o que a propaganda governamental deseja projetar.
A população sente no bolso o aumento do custo de vida, especialmente nos produtos básicos do mercado. No entanto, o governo poderia tentar comunicar que, de alguma forma, tudo está “barato”, mas a realidade é que o poder de compra diminuiu significativamente.
Estradas esburacadas são uma constante no cenário brasileiro. A mensagem que deveria ser passada é de que o asfalto está em perfeitas condições, mas quem viaja por elas sabe que a situação é bem diferente.
A gasolina e outros combustíveis têm visto preços recordes, mas a comunicação oficial poderia insistir que se trata de uma pechincha em comparação com outros países, ignorando a dificuldade que muitos enfrentam para abastecer seus veículos.
A política fiscal do governo tem sido marcada por aumentos de impostos, muitas vezes justificados como “ajustes nas contas”. A realidade é que isso impacta diretamente o orçamento das famílias e das empresas, mas a mensagem oficial poderia ser de que isso é necessário para o bem-estar futuro do país.
Com a introdução de monitoramento no PIX, a justificativa oficial pode ser que é para “ajudar” os cidadãos, mas a preocupação real é que isso pode ser um prelúdio para novas taxas ou impostos sobre transações financeiras, especialmente para os mais pobres e trabalhadores informais.
Esses são apenas alguns exemplos do enfrentamento da realidade x narrativa que o governo vai ter que encarar. Mas, resumindo, poco irão acreditar que a grama não é verde, porque nenhuma “tinta publicitária” vai conseguir convencer a maioria de que ela não é verde. Apena uma parcela mínima de desavisados irão acreditar nos truques que a Secom irá usar.
Sidônio Palmeira está diante de um trabalho hercúleo. Ele precisa não só comunicar eficientemente as ações do governo mas também tentar mudar a narrativa em torno de questões sensíveis que afetam diretamente a vida cotidiana dos brasileiros. A desconexão entre a realidade vivida e a imagem que o governo deseja projetar é palpável, e transformar essa percepção requer mais do que mera propaganda; demanda transparência, ações concretas e, sobretudo, resultados visíveis e positivos.
A tarefa de Sidônio Palmeira é comparável à de vender um Fiat Marea turbo como um carro confiável e desejável – uma missão que parece mais uma façanha do que uma realidade viável. A verdadeira prova para ele será não só em comunicar, mas em mostrar que o governo está de fato trabalhando para “melhorar” a vida dos brasileiros, e não apenas em criar uma narrativa alternativa.
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